terça-feira, 30 de outubro de 2012

A única questão que importa


De uma certa mi(n)tologia nacional

O mito de sempre: o da fundação, feito à espada por D. Afonso Henriques e velho de oito séculos.

O mito de agora: o da refundação do programa da troika, ou seja, das funções sociais do estado, proposto às pressas por Passos Coelho, para pedir apoio ao PS e garantir cobertura política para os seus planos mirabolantes (repare-se no claro e intencional pendor "nacionalista" da sinalética do cenário usado para este discurso, proferido na própria assembleia da república - ler aqui).



Porém, como o mito mais fundamental de todos - o da criação do crescimento económico - continua por inventar, é com a realidade da afundação nacional que temos de aprender a lidar (ver aqui).

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MIG - Men in Gray


Aguiar Branco estrea-se na realização cinematográfica com um filme de ficção científica intitulado MIG - Men in Gray, ou Homens de Cinzento, no qual também desempenha o papel de protagonista (ler notícia aqui).
Este filme relata a história de um ministro da Defesa que, no governo, procura lidar com as ameaças alienígenas no país. Descobre então que os tais alienígenas assumiram a forma de comentadores de "fato cinzento e gravata azul", o que lhes permitiu ter acesso aos media. Assim disfarçados, procuram levar a cabo um plano tão maquiavélico quanto brilhante: à hora dos telejornais tentam, por todos os meios, persuadir a população da inutilidade das forças armadas para assim conseguirem enfraquecer e desarmar o exército que, em caso de ataque maciço dos alienígenas, não terá condições para ripostar. Aguiar Branco é o ministro da Defesa que descobre e denuncia publicamente estes perigosos planos, assumindo-se como o herói de serviço que tudo fará para salvar a pátria deste ataque fatal.

O filme ainda não tem estreia marcada, mas o anúncio ocorrido ontem (ver aqui) despertou desde logo a curiosidade e o interesse de todos. 

Resta dizer que alguns dos comentadores políticos mais influentes do país fizeram questão de, à hora dos telejornais, comentar de forma jocosa esta estreia cinematográfica do nosso herói nacional, perdão, ministro da Defesa. Algo que não deixa de ser suspeito... ou então, alguém no governo anda a ver muitos filmes como este, provavelmente em horário de expediente:


domingo, 28 de outubro de 2012

"ó rama ó que linda rama, ó rama da oliveira"

A Olea europaea dos pés à cabeça

Estas  imagens são dedicadas ao Marcos que, 
por estar do outro lado do Atlântico,
nunca viu/tocou nenhuma


nos braços-ramos segura os frutos que (nos) oferece

no corpo-tronco as marcas que o tempo foi gravando

e os pés-raízes bem assentes na terra nem sempre amena, nem sempre fácil

sábado, 27 de outubro de 2012

Olea europaea


Évora; 27/10/2012


























o machado poda-te os ramos
a chuva pisa-te as folhas
o vento leva-te a flor
as mãos, vorazes, ripam-te os frutos
mal começam a ficar maduros

mas tu, oliveira, recomeças sempre

só o travo amargo das tuas azeitonas
denuncia o sofrimento que calas

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

pressentimento

as toscas paredes caiadas,
cercadas por montes que o tempo, com infinita paciência,
arredondou e poliu quase até ao osso granítico

a tez morena da terra lavrada
que as primeiras chuvas cobriram de uma penugem verde e tenra
que se deixa trespassar pela luz da tarde e se eriça à mais leve aragem

em tudo,
o pressentimento do frio que já caminha, sorrateiro, pelos caminhos alagados
e que, em breve, virá ocupar o seu lugar na velha casa destelhada

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"as ficções que contam"

"... livros destes, as ficções que contam, fazem-se, todos e todas, com uma continuada dúvida, com um afirmar reticente, sobretudo a inquietação de saber que nada é verdade e ser preciso fingir que o é, ao menos por um tempo, até não se poder resistir à evidência inapagável da mudança, então vai-se ao tempo que passou, que só ele é verdadeiramente tempo, e tenta-se reconstituir o momento que não soubemos reconhecer, que passava enquanto reconstituíamos outro, e assim por diante, momento após momento, todo o romance é isso, desespero, intento frustrado de que o passado não seja coisa definitivamente perdida. Só não se acabou ainda de averiguar se é o romance que impede o homem de esquecer-se, ou se é a impossibilidade do esuqecimento que o leva a escrever romances."

José Saramago, In História do Cerco de Lisboa
Lx: Círculo de Leitores, 1989, p. 56

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A dúvida

Perante um ex-secretário de estado das obras públicas, agora deputado, que, aos 47 anos, declara publicamente necessitar da ajuda financeira dos pais para sobreviver, fica a dúvida:

- será um caso extremo de adolescência prolongada?

- um exemplo óbvio de má gestão das finanças pessoais? (como seria com as públicas, quando estava no governo?)

- ou será mas é um caso de abuso e exploração de pessoas idosas a ser denunciado sem demora para a Linha do Idoso da Provedoria de Justiça?

Diz ainda que necessita da ajuda financeira dos pais, mas depois refere que fará investimentos que lhe poderão vir a garantir bons rendimentos no futuro. 

No meio de tanto palavreado, a única coisa que fica bem clara é que o homenzinho é um idiota chapado que, por via do cartão partidário e por ter lambido as botas certas, no momento certo, conseguiu chegar a secretário de estado das obras públicas. E nós a pagar, claro!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A este ritmo...

Ler notícia aqui

... não tardará muito até que o 1º ministro convoque a imprensa para nos anunciar que  teremos de nos contentar com um naco de pão e um quarto de carapau frito ou de sardinha assada (no tempo dela).

Devagar, o tempo transforma tudo em [menos] tempo

ou a "Explicação da eternidade", por José Luís Peixoto, In A Casa, A Escuridão. Lx: Ed. Temas e Debates, 2002

domingo, 21 de outubro de 2012

De passagem, a paisagem - II

Deve ser aqui, na terra agora fofa e solta, que o outono se espoja.

N4 - Elvas: 21/10/2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Todas as palavras




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As que procurei em vão,
principalmente as que estiveram muito perto,
como uma respiração,
e não reconheci,
ou desistiram e
partiram para sempre,
deixando no poema uma espécie de mágoa
como uma marca de água impresente;
as que (lembras-te?) não fui capaz de dizer-te
nem foram capazes de dizer-me;
as que calei por serem muito cedo,
e as que calei por serem muito tarde,
e agora, sem tempo, me ardem;
as que troquei por outras (como poderei
esquecê-las desprendendo-se longamente de mim?); 
as que perdi, verbos e
substantivos de que
por um momento foi feito o mundo
e se foram levando o mundo.
E também aquelas que ficaram,
por cansaço, por inércia, por acaso,
e com quem agora, como velhos amantes sem
desejo, desfio memórias,
as minhas últimas palavras.
 
Manuel António Pina, "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde" In «Todas as Palavras, poesia reunida»; de Manuel António Pina, edição Assírio e Alvim, 2012

Ainda o Nobel para a UE


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cantigas à desgarrada

E começa o primeiro cantador:


"Este Orçamento é a fatura do passado",
"esta fatura é a (...) da festa socialista"
Digo eu ao povo já baralhado
A ver se lhes tapo a vista








E logo responde o cantador desafiado:

"É preciso descaramento",
para lançar tal "epifânia"*
"sobre um milhão de desempregados"
que no meu tempo andavam todos enganados









Muito bem cantam as cigarras. Esta formiga é que já não se anima com tais cantigas. Começo até a achá-las um tanto ou quanto repetitivas.
 
Talvez fosse melhor mudar os tocadores, ou a música, ou talvez mesmo os cantadores....

 *Observ. - a palavra "epifânia" está grafada assim mesmo no jornal (ver aqui)  o que, no mínimo, revela a ignorância, ou do líder da bancada parlamentar socialista, ou do próprio jornalista que redigiu a notícia. Seja como for, para o caso tanto faz. Aliás, até reforça ainda mais a natureza surrealista desta pouco edificante comédia em cena todos os dias no Parlamento.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mensagem aberta

Sr. Ministro das Finanças

Notícias recentes vindas a público dão conta do  seu firme propósito de "retribuir" ao país a educação "extraordinariamente cara" que recebeu.

Ler notícia aqui
Contudo, os fracos resultados obtidos até agora na contenção/redução do défice público e, sobretudo, o descalabro social e económico proposto por V. Exa. no OE do próximo ano permitem-me duvidar seriamente da relação "preço-qualidade" dessa tão cara formação que o país lhe proporcionou. Receio que, também nesta matéria e mais uma vez, tenhamos feito "um mau negócio" (para não variar).

Assim sendo, venho por este meio declarar que, pela parte que me toca, me sinto já plenamente "recompensada" e, por isso,  informo ainda V. Exa. de que prescindo desde já da honra de continuar a beneficiar das suas "dádivas" patrióticas, deixando-o totalmente livre para prosseguir essa sua caminhada gloriosa até aos campos elíseos da sabedoria académica.

Sem outro assunto, subscrevo-me com elevada consideração intelectual

PS - Ah, e já agora sr. Ministro, faça-nos um último favor: leve consigo este emplastro. Essa é que era uma verdadeira "dádiva" que o país, reconhecido, certamente saberia agradecer a V. Exa...

Imagem daqui

Afinal, sempre somos um país rico

sobretudo em pobres

Imagem daqui

Isto é que era

comemorar o "dia do professor"...


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ainda demo ou apenas timo -cracia?

 
 
"Estamos numa situação em que uma democracia que, segundo a definição antiga, é o governo do povo, para o povo e pelo povo, nessa democracia precisamente está ausente o povo." José Saramago - Conversaciones com Saramago (2002)
 
"O grande problema do nosso sistema democrático é que permite fazer coisas nada democráticas democraticamente." José Saramago - El Correo de Andalucía (2003)

Mais uma oportunidade perdida

Se Felix Baumgartner tivesse escutado com atenção a proposta do OE para 2013 (ver aqui) nem teria precisado de subir à estratosfera para atingir a velocidade do som e bater um quinto recorde: o do buraco mais fundo.
 
E lá se foi a excelente oportunidade de, mais uma vez, conquistarmos o Guiness. Desta feita pelas melhores razões...
 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

OE para 2013

Ainda nem sequer entrou em vigor e já está a provocar indigestões... (ver aqui)

A (des)propósito

do Nobel da Paz atribuído este ano à União Europeia (ver aqui), o mínimo que se pode dizer é que assim uma paz um tanto ou quanto podre...
 

Ah, e já agora, em que bolsos vão entrar os 10 milhões de coroas suecas? Nos do presidente da Comissão Europeia?

Andam pela terra os poetas


sábado, 13 de outubro de 2012

o labirinto dos dias

caminho até ao fim da rua onde uma esquina se dobra para me deixar passar e prossigo, ladeada por paredes brancas com molduras cinzentas ou de tom ocre, aqui e ali com um tom azul que desafia o céu ainda límpido a esta hora, viro à direita dobrando outra esquina e depois avanço pela rua que se abre à minha frente, tão estreita que as paredes parecem afastar-se à minha passagem

desemboco noutra rua tão vazia de gente como a anterior, o som dos passos no chão de granito atira-se contra as paredes, faz ricochete e volta para trás atingindo-me os ouvidos, é então que a rua estreita se inclina ligeiramente e desce como o leito pedregoso de um ribeiro onde há muito já não corre água

de repente, as paredes afastam-se e a rua sinuosa desagua num pequeno largo inundado de sol poente, mas também aqui não pulsa nenhum coração, páro um instante como quem hesita, escolho a rua que fica mais à direita e prossigo, viro depois à esquerda e continuo até voltar de novo para a direita, continuo sempre a andar e, quando a noite chega de mansinho, nestas ruas estreitas, mais do que os candeeiros, é a brancura das paredes que nos ilumina os passos

percebo que posso continuar assim, dobrando esquinas noite e dia até à eternidade, sem nunca conseguir chegar a lugar algum, percebo  que  tudo se reduz, afinal, a este labirinto vazio do qual não há saída e que nada mais existe para além do caminho e do próprio caminhar

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Novos terminais de multibanco

Imagem daqui
Com tanto IMI, IRC, IRS e sobretaxa, IVA e umas quantas coisinhas mais para pagar vai ser necessário dar uma nova configuração aos terminais de multibanco para dar alguma eficácia ao procedimento de cobrança:

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sisters of Mercy

Na tua viagem derradeira

Klevan, Ucrânia
Que esta viagem, por ser a derradeira, seja também a mais aprazível. A mais autêntica.
Que esta viagem, por ser a derradeira, seja como aquela com que tudo (re)começa: uma página em branco onde, sem receios nem peias, nos inscreveremos de novo, a partir do nada.

ECR, a melhor parte de ti ficará para sempre dentro de mim
Até sempre

Errare humanum est

As consequências de certos erros é que, como todos sabemos, podem ser bem desumanas, sobretudo quando se assume, para lá de toda a lógica, a segunda parte da locução: perseverare diabolicum.

Ler notícia aqui

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Uma antologia do asneio

Podia ser um excerto do "candidato Vieira" mas, infelizmente, assim não é...





"O que dói" é a insustentável leveza dos desmandos de quem...

... manda
Ler notícia aqui

 e depois desmanda

Ler notícia aqui

dizendo apenas que "Por alguma razão o livro foi incluído" em 2009. Contudo, só agora se descobriu o erro, ou melhor, só agora é que a própria autora o detectouA equipa de sete pessoas com conhecimentos e formação em diferentes áreas como literatura infantil, História e Ciências, a quem cabe a responsabilidade de escolher as centenas de obras que fazem parte das listas de livros recomendados pelo PNL, não tinha até hoje dado por ele. Três anos, portanto.

É pois legítimo perguntar a tão ilustrada gente se faz a dita seleção dos livros pelo velho método do ita, ita, ita não há, quem está livre, livre está?


Observ -  Sublinhados meus.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Words

E ainda há quem não acredite em coincidências...

De acordo com o Público (8/10): "Os números são esmagadores: só em 2003, 82% do valor das candidaturas aprovadas a empresas privadas na região Centro, no quadro do programa Foral, coube à Tecnoforma. E entre 2002 e 2004, 63% do número de projectos aprovados a privados pelos responsáveis desse programa pertenciam à mesma empresa. Ao nível do país, no mesmo período, 26% das candidaturas privadas que foram viabilizadas foram também subscritas pela Tecnoforma.Miguel Relvas era então o responsável político pelo programa, na qualidade de secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, Paulo Pereira Coelho era o seu gestor na região Centro, Pedro Passos Coelho era consultor da Tecnoforma, João Luís Gonçalves era sócio e administrador da empresa, António Silva era seu director comercial e vereador da Câmara de Mangualde. Em comum todos tinham o facto de terem sido destacados dirigentes da JSD e, parte deles, deputados do PSD."

Mas tudo  não passa de uma daquelas incríveis coincidências, claro... (ver aqui e aqui)

Novos provérbios portugueses

Um amigo favorece o outro e os dois levam tudo. (ver aqui)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"The economy, stupid"?!

Ok, já percebemos que sabe cortar, recortar e rapar-nos os bolsos até ao último cêntimo (ver aqui). 

Porém, não demonstrou ainda que sabe como estimular o crescimento da economia. Ou seja, continua tudo por fazer. Pelo menos, tudo o que é essencial para sairmos deste buraco cada vez mais fundo. 

E já agora, o que fará o 'professor' Gaspar quando já não houver mais nada para cortar? 


Levem tudo!


Como se previa, o que não se paga de uma forma, paga-se de outra.
A coisa é simples. O TC não permite cortes na Função Pública e nos pensionistas? Esperem-lhe pela pancada! O pessoal vai para a rua contra a TSU e, desde Marcelo e Ferreira Leite, até Louçã e Jerónimo, dizem mal da medida? Esperem-lhe pela pancada!
Pronto! Temos a tal pancada.
Se aguentarmos, se em 2014 ainda formos vivos como indivíduos e como país, devemos ter batido o recorde mundial de aumento de impostos em três anos... De resto, o Governo que leve tudo... e que tome conta de nós, em lares coletivos de indigentes.
Apesar de haver quem goste de chamar neo-liberal a estes senhores, a mim cheira-me a socialismo: decreta-se rico quem ganha mais de 700 euros e depois vai-se buscar o dinheiro aos ricos. Onde é que eu já vi demagogia desta? Terá sido o Chávez ou o Morales? Não me lembro, mas é desse estilo...
Henrique Monteiro, Aqui    

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A tele-escola

Amanhã à tarde o professor Gaspar dará mais uma das suas aulas em direto. O tema já é conhecido: “o programa de assistência económica e financeira”.

O resumo da matéria já se sabe qual é:

Imagem daqui

this is not here, this is not now

repetido como se fosse um mantra

Não acharam que era romantismo a mais?

Descobriu-se agora que "Diana" não existe e que tudo não passou de um logro (ver aqui) publicitário montado pela Cacharel para vender um novo perfume de nome "Catch me". 

(Desde logo me pareceu esta história demasiado perfeita, mas estava longe de imaginar.) Contudo, muita gente quis acreditar neste "conto do vigário" bem congeminado (como um conto do vigário deve ser). Tanto quanto me parece, até os próprios media terão caído no engodo e muita gente quis acreditar que ainda fosse possível uma história assim. Apesar de tudo. Até porque havia ali qualquer coisa de tão impossível que, estranhamente, até parecia plausível. Afinal... 

Não admira pois que já muita gente tenha manifestado a sua frustração, dizendo que esta é "a" marca de perfume a evitar. Não deixaria de ser poeticamente irónico que tamanha "fantasia publicitária" redundasse em fracasso comercial. Por uma vez, virava-se o feitiço contra o feiticeiro. 
Eu cá alinho.

Já agora, vendo o anúncio percebe-se um pouco melhor a 'estória' desse tal Ricardo:

No meio do caminho

René Magritte: Le chateau des Pyrénées.
 1959























No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade,
 In Alguma Poesia2002, pág. 16