quinta-feira, 18 de julho de 2019

Não há machado que corte / a raiz ao pensamento


Estremoz: julho 2019


Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida
sem razão seria a vida
sem razão 

Nada apaga a luz que vive
num amor num pensamento
porque é livre como o vento
porque é livre
Carlos de Oliveira /Manuel Freire
1969

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A porra da vida

What comes around, comes around, comes around, comes around, comes around, comes around...

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A insatisfação

(des)apontamentos: ser vs. estar

Além de um sentido de humor muito peculiar, no meu amigo Mário sobressai uma visão inconveniente sobre o género feminino, incómoda sobretudo por ser tão desapiedada. Das mulheres - colegas de profissão - que se mostram mais intransigentes com o seu laxismo empedernido várias vezes lhe ouvi dizer que eram "mal-fodidas". 
Ouvi e nunca esqueci porque, para mim, sempre foi "fodido" perceber como a sua grosseria era, afinal, tão certeira. Instinto de macho experiente que cheira o odor da frustração à distância e sabe bem demais como ela envenena lentamente os dias todos. Nunca lho disse, mas cá bem no fundo sempre admirei esta sua perspicácia impertinente. 
Tenho pensado bastante nisto ultimamente e quando o encontrar por aí gostaria até de discutir com ele a possibilidade de incluir uma nova categoria nesta sua cosmovisão do feminino: a categoria das mulheres "não-fodidas". Aquelas "são fodidas" porque picam os miolos a toda a gente, enquanto estas "estão fodidas" porque, pensando bem, picam é os próprios miolos na vã tentativa de perceber o que terão feito de errado ou onde terão falhado. Entre este "ser" e este "estar" existe todo um tratado ontológico sobre o qual, amigo Mário, ainda um dia havemos de trocar umas ideias...

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Se não for isto, é algo muito parecido - 98


apontamentos

Prelúdio 
Sines, noite de verão:  brisa morna, cheiros intensos, misturados, jogos de luz e de sombra nas ruas estreitas e sinuosas por onde flui um rio caótico e eufórico de corpos movediços, de riso fácil, embriagados de música e de liberdade, espécie de ritual pagão e quase mágico, como só as noites de julho podem e sabem ser.

Interlúdio
26 de julho de 2014: a música quente de Fatoumata Diawara e Roberto Fonseca incendeia a noite do FMM.
Foi isto há dois anos e dois meses. 781 dias contados um a um pelo meu corpo ainda acordado, ainda incrédulo, ainda à espera...

Epílogo
Há 781 dias que dura este mutismo desconsolado. E há 781 dias que te quero dizer isto, que preciso dizer-te isto, porque há 781 dias que não consigo entender. Há 781 dias que te quero perguntar o que aconteceu, que te aconteceu? que nos aconteceu? Há 781 dias que te quero perguntar isto, mas não consigo. 
E há 781 dias que o meu corpo está silencioso, estranhamente silencioso.

Distant Sky

Gosto, gosto, gosto: depurado, sensível, pungente, arrepiante, tudo...

domingo, 26 de junho de 2016

I'm off to see the wizard...

Frases de cabeceira - 32

Imagem daqui
..."There were several roads near by, but it did not take Dorothy long to find the one paved with yellow bricks. Within a short time she was walking briskly toward the Emerald City; her Silver Shoes tinkling merrily on the hard, yellow road-bed ".
in The Wonderful Wizard of OzL. Frank Baum, 1900 

domingo, 19 de junho de 2016

a aritmética dos afectos

Évora: março 2016
a primeira conta era de somar e tinha duas parcelas cujo resultado batia certo no coração: B + M

meses depois, por motivos desconhecidos,
verificou-se que, afinal, o coração já não era a soma de todos os afectos
e que uma das parcelas se tinha subtraído (ou sido subtraída) desta operação aritmética elementar: M

restou, pois, o coração, aparentemente intacto, e B
agora livre para tentar fazer a adição com uma nova parcela 

quinta-feira, 3 de março de 2016

cemitério

Serra d'Ossa: fevereiro 2016

aqui, são de pedra as brancas mortalhas
que aconchegam os despojos dos que já não são
eternas, portanto

aqui, são de plástico as flores
que transbordam de cor nas jarras
eternas, portanto

aqui, eternas se declaram também as saudades
epigrafadas junto a fotografias esmaecidas pelo tempo

aqui, eterno é o vale onde estes muros caiados
são uma varanda debruçada sobre o aroma das estevas

aqui, no silencioso jardim da morte,
transitória
só mesmo a vida