sexta-feira, 10 de junho de 2011

Alheios são todos estes versos onde me enleio

...cá, onde o mal se afina e o bem se dana...
...correm turvas as águas deste rio...
...efeitos mil revolve o pensamento...
...vai-se gastando a idade e cresce o dano...

...aquilo a que já quis é tão mudado...
...(parece-me qu’estava assi ordenado)...
...que o tempo que se vai não torna mais...
...e pois já não me vedes como vistes...

...que dias há que na alma me tem posto...
...este meu tão cansado sofrimento...
...vencendo ferro, fogo, frio e calma...

...mas por que meu destino se mostrasse...
...contentei-me com pouco, conhecendo...
...o rouco som do mar, a estranha terra...

Luís Vaz de Camões, Príncipe dos Poetas

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