sexta-feira, 18 de junho de 2010

Histórias de gatos

O mundo está cheio de histórias reais de gatos com dons extraordinários que fazem mais felizes os humanos que com eles têm o privilégio de conviver. Assim, de repente, estou a recordar-me de Nora, a gata que gosta de fazer duetos ao piano com os alunos da dona e com a própria dona e, sobretudo, de Óscar, um gato adoptado por um lar de idosos que revelou um extraordinário dom: consegue “adivinhar” quem vai morrer, fazendo questão de acompanhar os moribundos até ao fim. A tal ponto é certeira esta sua capacidade que já foi alvo de um estudo que acabou publicado em livro e objecto de um documentário realizado pelo Discovery Channel. Mas há tantas outras pequenas histórias que, embora menos espectaculares, não deixam de ser também curiosas.

É o caso do Zéquinha, um gato eborense de pelagem amarela e branca, já com uma respeitável idade e que é uma espécie de vedeta local. Partilha a casa com dois ou três gatos de diversa proveniência mas, há já muitos anos, decidiu entrar para a vida activa. Todos os dias, faça chuva ou sol, sai de casa e está pontualmente à porta da loja situada em frente, pronto para iniciar mais um dia de trabalho. Com a cumplicidade da proprietária, também ela fã de gatos, Zéquinha tornou-se animador socio-cultural da loja. A sua função parece simples, mas tem que se lhe diga: consiste em “estar”, acordado ou a dormir, em vários pontos estratégicos da loja, para apanhar de surpresa os clientes com a sua mansidão e bonomia naturais. Hoje, por exemplo, decidiu servir de chamariz para os chinelos (quantos terá conseguido vender?).

Évora, 18/6/2010

E é difícil resistir a tanto charme: os clientes que lá entram pela primeira vez, surpreendidos com a presença do volumoso gato, logo metem conversa com a simpática dona da loja, interessam-se em conhecer a história do bichano, às vezes chegam a perguntar se está ali para ser adoptado, tiram fotografias. Quem já é cliente habitual e conhece a história chega mesmo a entrar de propósito para lhe fazer festas.

A loja de utilidades, bugigangas e afins ganha animação e, provavelmente, factura um pouco mais com tanta gente a entrar. O Zéquinha ganha muitos, muitos mimos e vive feliz e relaxado. Até os clientes ganham, pois saem da loja bem mais divertidos e animados. De facto, todos ganham qualquer coisa nesta história que demonstra bem como, com um pouco de boa vontade, pessoas e animais domésticos podem conviver de forma pacífica.

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