sábado, 26 de março de 2011

Dar um pontapé na crise

Não deixa de ser curioso observar as longas filas de gente que espera, à chuva, para votar nas eleições do sporting. Ao que parece ninguém quer perder a oportunidade de votar no «seu» candidato à presidência do clube, ou seja, o oposto daquilo que acontece normalmente quando se trata de eleições legislativas ou outras em que o pessoal nem se dá ao trabalho de sair de casa.

Tão grande "civismo", que obriga até ao sacrifício de uma longa espera, chega a comover-me, e deixa-me cada vez mais convencida de que isto só lá vai é com futebol. Empenhamento, motivação e espírito de sacrifício estavam assim garantidos por mais duras e difíceis que fossem as decisões a tomar. Exactamente aquilo que tem faltado aos nossos distintos governantes para poderem levar a bom termo as reformas urgentes que o país precisa. Começo até a pensar que isto só leva caminho quando o CR7 se tornar primeiro ministro. Aí sim, é que o pessoal ia ficar todo contente. Coisa aliás em que o nosso (ainda) actual primeiro ministro também já pensou. Chegou até a tomar um mediático pequeno almoço na companhia do Figo para ver se sacava algumas dicas sobre como havia de convencer o povo de que tinha na sua excelsa pessoa um autêntico craque. Mas como se tornou já bem evidente para todos a estratégia não deu grande resultado.

É que, ao (ainda) primeiro ministro falta perceber que, de futebol, entende mais o povinho do que ele e, por isso, apenas se contentam com “the real thing”, que é como quem diz “the special one” e o “puto maravilha”. Há só um pequeno detalhe a estragar isto tudo: não há dinheiro que chegue para lhes pagar os honorários, ao mister e ao seu estrelático jogador. É por isso que, de vez em quando, lá vamos então dando umas chicotadas psicológicas nisto tudo, para podermos contratar uns craques novos e uns treinadores mais baratinhos...

Vai funcionando mas, de facto, não é a mesma coisa. E é certamente por isso que nos estamos a afundar nas areias movediças da crise económica. Só estou espantada que ainda ninguém tenha vindo prometer ao povinho mais uns dez estádios de futebol, espalhados pelo interior do país para contrariar a desertificação, ou mesmo a transformação disto tudo num gigantesco clube de futebol, gerido por uma competentíssima SAD. Quando tal suceder, estou certa de que a crise acaba logo e a revitalização da economia será uma realidade. Até porque, ao que tudo indica, na economia propriamente dita, ninguém quer investir, mas nos clubes de futebol os milhões caem em catadupa vindos de investidores angolanos e outros ainda mais misteriosos que, pelos vistos, têm é dinheiro a mais. Há por isso que aproveitar antes que (também) esta torneira se feche.

1 comentário:

platero disse...

é o chamado "tirar esqueletos do
armário"

o que pode o futebol, caramba

beijo