sábado, 12 de março de 2011

Três F's mais um, ou as contradições da luta

Desde há algum tempo que manifestamos o nosso descontentamento nas ruas com alguma regularidade (hoje é um deses dias) e de várias formas - a recente vitória dos Homens da Luta no anacrónico e anquilosado Festival da Canção é só uma delas - MAS, no essencial, continuamos a ser o país dos três F's:

1. Futebol


2) Fátima


3) Fado

A verdade é que, nos momentos em que as nossas acções e decisões verdadeiramente contam, isto é, no momento de votarmos e de expressarmos a nossa maturidade cívica nas urnas, no momento em que as coisas poderiam de facto ser mudadas por vontade e decisão nossa,  no momento em que o nosso NÃO conta e serve, de facto, para alguma coisa, o que é que fazemos? Aqui vai o eloquente exemplo:

4) Fogo!...
(mais cinco anos a ouvir a naftalínica oratória deste senhor!)


E esta é, para mim,  a melhor prova de que continuamos a ser um povo submisso (leia-se aborregado): Então já ninguém se lembra do que aconteceu quando este senhor era primeiro ministro? Mas há ainda pior (se tal for possível): olho para ele e antevejo o futuro político de Sócrates daqui a uns anitos, quando as consequências desastrosas dos seus actuais e patrióticos feitos tiverem sido branqueadas pela fraquinha memória do zé povinho.

E é justamente na denúncia destas contradições e heresias da nossa 'luta' que está toda a genialidade da dupla Jel e Falâncio. Mesmo a sua indumentária resgatada à década de 70 é bem reveladora desta nossa peculiar forma de estar e de encarar o mundo: sempre a olhar para trás. Os da direita, saudosos do "tempo da outra senhora" em que o povo levava porrada para não sair dos eixos da obediência amedrontada, e os da esquerda, saudosistas do PREC, tempo em que o povo, embora desorientado e sem rumo, era, justamente por isso, quem mais (des)ordenava o país. E no entanto a verdade lapalissiana é que o tempo só avança numa direcção: para a frente. Olhar para trás e suspirar é puro desperdício de tempo e de energia.

Já agora convinha não perdermos de vista que Jel e Falâncio não "fazem a luta", são personagens satíricas que fazem humor. Os "Homens da luta" gravam intervenções para programas de humor que passam na televisão. E isto, tanto quanto eu saiba, não é fazer a luta. Essa, nós é que temos que a fazer todos os dias e, de preferência, de uma forma coerente e consequente. Mas enfim, receio bem que ainda não seja desta que alguma coisa vá mudar, de facto, neste país... Vai uma aposta para as próximas legislativas?

E sabem que mais? É por tudo isso que eu digo 'Quiriquiriquiriquiriqui' para isto tudo...

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