domingo, 8 de agosto de 2010

Ao terceiro dia

Fui assistir a um dos espectáculos do segundo dia do "Jazz na cidade": noite convidativa e amena, muita gente na rua (e por isso também, muito barulho), música ao vivo em diversos pontos estratégicos do centro histórico, repertório ao estilo "promenade", escorreito e de fácil entrada no ouvido, adequado para tão heterogéneo público. No fundo, receita de sucesso quase garantido numa terra que, em termos culturais, está cada vez mais empobrecida. Mas não deixa de ser, apesar de todas as suas virtudes inegáveis, um tanto morna.

Ontem, voltei ao "Jazz na cidade". Depois do ambiente musical um tanto frouxo que se viveu no segundo dia do evento (no primeiro não estive e, por isso, não me posso pronunciar), foi ao terceiro dia que, na minha opinião, ele alcançou a sua justa e melhor medida, tanto de público, como de entusiasmo e convicção dos próprios músicos, Às 21.30, a algarvia The Messy Band aqueceu, e bem, o ambiente para a eborense, multinacional, jovem e ainda mais prometedora The Jungle Jazz Orchestra que, às 23.30, com os seus quinze músicos, encerrou da melhor forma o festival no Chão das Covas com toda a gente a oscilar e a bater o pé ao ritmo empolgante do swing. É claro que a noite esplendorosa no seu bafo morno e apetecível foi uma parceira importante nisto tudo e a decadência cultural da cidade também.

Para mim, o "Jazz na cidade" valeu sobretudo pela noite de ontem e pelo esforço que a Associação Cultural Imaginário fez para justificar os apoios financeiros que recebe anualmente da câmara e, sobretudo, para cumprir os objectivos (culturais e comunitários) que realmente  deviam sempre presidir à criação e existência deste tipo de entidades (o que nem sempre acontece, como bem sabemos).

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