segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dias calendarizados

Estamos cada vez mais calendarizados, até nas emoções. Como se, na azáfama dos dias, tivéssemos receio de nos esquecer de sentir, de viver ou de recordar datas/acontecimentos importantes, ou mesmo fundamentais. Ou como se, para não perturbar justamente essa azáfama diária com distracções supérfluas, tivéssemos relegado tais sentimentos e vivências apenas para dias assinalados no calendário. Só para brincarmos a fazer de conta que ainda sabemos como é. Como se certos sentimentos e/ou vivências fossem algo assim tipo «andar de bicicleta» (coisa que, dizem, ninguém esquece como se faz). Talvez seja por isso que, no calendário, há cada vez mais dias para tudo e para nada. Há até um dia como o de hoje.

Pirosismos, modismos, seguidismos e comercialismos à parte, talvez este dia esteja no calendário para nos lembrar a todos que o encantamento e a exultação constituem o cerne do enamoramento e são a verdadeira, única e efémera epifania do amor, embora aconteçam de forma imprevista e de improviso. Nunca em dia calendarizado (senão lá se ia todo o encanto da coisa...). Tudo o resto é conversa des-fiada.

E se, um dia, me decidir a criar um "calendário de canções" este será um dia tão bom como outro qualquer para assinalar "o dia das canções de amor". E esta canção é uma boa candidata para assinalar tal dia. Ou não fosse ela de Jacques Brel.

1 comentário:

platero disse...

olha só que sorte
:
conseguir não seguir o calendário

- quem me dera