terça-feira, 5 de abril de 2011

De metáfora em metáfora (até à anástrofe final?)

Íamos a meio da primeira década deste século quando o actual presidente Cavaco Silva escreveu publicou no Expresso (2004) um artigo que aplicava de forma metafórica a lei de Gresham (1558) ao então governo de Santana Lopes. Dizia ele então que "a moeda má expulsa a moeda boa". A metáfora fez autêntico furor nos media e junto dos "fazedores de opinião" e comentadores que a dissecaram e interpretaram quase até à exaustão e acabou por, indirectamente, provocar as eleições antecipadas que levaram Sócrates ao poder com uma maioria absoluta. A história - de uma forma bem retorcida - acabou assim por dar razão a Cavaco Silva e todos nós estamos hoje a viver as consequências disso mesmo no nosso quotidiano. 

E agora que estamos novamente num impasse, à espera de eleições, mergulhados numa crise sem precedentes, com os candidatos e respectivos partidos a esgrimir argumentos e contra-argumentos, com uma desfaçatez e um cinismo assinaláveis, parece-me bem que entrámos definitivamente na era da "má palavra que expulsa a boa palavra", quem é como quem diz, a época dos homens sem palavra. Vamos então esperar para ver a quem serve a carapuça, ou melhor, a metáfora.

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