domingo, 17 de abril de 2011

Pôr o dedo na ferida

Na sua habitual crónica dominical do Público, Frei Bento Domingues reflecte sobre a atitude dos cidadãos face à política e aos políticos dizendo: "Hoje, está na moda fazer dos políticos os bodes expiatórios de todos os nossos males, precisamente, porque transferimos, para eles, de forma mágica, a salvação do país, distraindo-nos da nossa intransferível responsabilidade cívica. Alienamo-nos, repetindo que eles não deixam espaço à sociedade civil, mas é esta que se demite da sua vocação e entrega tudo na mão dos partidos, que, por natureza, são apenas parte da acção política.
A vida em sociedade tem muitas dimensões e expressões e, por vezes, os meios de comunicação, cegos pela poeira dos acontecimentos políticos e por tudo o que corre mal, roubam, aos cidadãos, o país real, na sua complexidade. A verdade passa a ser a representação que eles nos distribuem. Por outro lado, a publicidade torna as pessoas infelizes, se não comprarem as suas propostas. Ora, é a civilização expressa nessas propostas que está falida."
In "A triste figura dos discípulos"

É o que se chama "pôr o dedo na ferida". Não apenas subscrevo, como, no que à  "intransferível responsabilidade cívica" diz respeito, faço até um mea culpa (até porque estamos em plena época quaresmal).

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