quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Campanha eleitoral

A política é hoje um lodaçal onde os candidatos chafurdam para encontrar, lá bem no fundo, as palavras mais lamacentas e os argumentos mais sujos que arremessam depois aos adversários. A política é hoje feita, não de palavras, mas de palavreado oco. As ideias foram substituídas pelo insulto, pela rasteira e pelo ataque pessoal. Por isso os discursos estão cheios de acusações, em vez de anunciarem  intenções. Ainda não ouvi uma só palavra na linha do que "podem os candidatos fazer pelo país" , e estou farta de saber o que o país já fez até hoje por estes candidatos todos (com o nosso passivo consentimento, é claro).

Mas apesar da cacofonia penso que esta campanha eleitoral tem tido um grande mérito: o de revelar a verdadeira natureza política dos candidatos. A campanha eleitoral tem sido, na verdade, a "justa medida" dos candidatos que temos. E, gostemos ou não, os candidatos que temos são a "justa medida" da nossa cidadania irresponsável, passiva e mesquinha. No fundo, estes candidatos são, dizem e fazem exactamente aquilo que acham que nós queremos ouvir e ver. Na verdade, estes candidatos acham que nós não merecemos mais do que aquilo que eles são, dizem e fazem. E enquanto povo-conjunto de cidadãos, nós não merecemos, de facto, muito melhor do que os candidatos que andam por aí em campanha. Na verdade, estes candidatos e a sua campanha eleitoral são o espelho da nossa cidadania e, por isso, deviam fazer-nos pensar melhor sobre quem somos e aquilo que queremos.

E é por isso que eu voto no «candidato Vieira»: ao menos o seu discurso, por mais absurdo que seja, é coerente e consistente com os dias que vivemos. E coerência e consistência é o que mais falta aos nossos actuais e reais candidatos.

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