domingo, 16 de janeiro de 2011

A ingenuidade também mata

No caso da morte violenta de Carlos Castro parece-me óbvio que o rapaz, muito jovem e com a mente ofuscada por sonhos de fama e celebridade, ainda acreditava que havia almoços – e jantares românticos, festas cheias de glamour, roupas de marca, viagens de luxo & afins - totalmente grátis. Não aguentou depois o súbito cara-a-cara com a feia realidade e passou-se. Da pior forma possível para si mesmo e, sobretudo, para quem lhe tinha agarrado na mão para o iniciar neste perigoso e ilusório ritual da fama. Talvez seja por isso que, embora tendo confessado detalhadamente à polícia a forma como perpetrou o crime, não revelou os motivos que o levaram a cometê-lo. Se calhar porque ele próprio ainda não acredita como foi possível ter sido assim tão ingénuo. Ou se calhar porque acredita que o seu acto violento aplacou em definitivo os demónios que o atormentavam, assim um pouco como os antigos faziam sacríficios humanos para acalmar a ira dos deuses. O que, a ser verdade, revela uma ingenuidade ainda maior, pois parece-me bem que o jovem Renato, afinal, acabou foi de libertar demónios ainda mais perigosos.

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