sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ainda a arte...

Não há dúvida: certos contextos são mais favoráveis do que outros à apreciação e à fruição da arte. Mas, sobretudo aqui, para apreciar é preciso saber. É preciso aprender a apreciar a arte nas suas múltiplas formas, pois afinal ninguém nasce ensinado, em especial numa área em que "criação", "re-criação" e "criatividade" são palavras-chave. Nesta matéria, a falta de conhecimento pode levar-nos a juízos de valor precipitados ou, o que é ainda mais grave, à ignorância contentinha de si mesma.
A experiência realizada em 2008, pelo Washington Post, numa estação de metro em Nova Iorque, prova isso mesmo: quando não temos informação suficiente, não conseguimos sequer identificar o que é arte, menos ainda percebê-la ou gostar dela, mesmo que ela esteja ali, à nossa frente, a entrar-nos pelos olhos e ouvidos.


Ora vejamos:
a) Quem toca assim, anonimamente, na estação do metro é Joshua Bell, um dos mais consagrados violinistas da actualidade;
b) O violino com que ele toca é um Stradivarius genuíno, datado de 1713 e avaliado em mais de três milhões de dólares;
c) Três dias antes Joshua Bell tinha esgotado a lotação do Boston Symphony Hall para um concerto onde cada bilhete custava mil dólares.
Em Boston era um e único. Como tal, apreciado e devidamente pago.
No metro de Nova Iorque era apenas mais um, igual a tantos outros. Como tal, não foi sequer reconhecido, muito menos apreciado.

Com esta brincadeira (bem séria) o jornal pretendia dinamizar o debate sobre "valor, contexto e arte".
Eu acho que ela também poderia lançar o debate sobre a educação pela arte e para a arte, ou melhor, sobre a sua quase inexistência na nossa sociedade.

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