terça-feira, 10 de novembro de 2009

Blogues: Messages in bottles

As palavras que diariamente se (des)multiplicam na blogosfera dizem um pouco de tudo, em todos os formatos. Permanecem online de modo mais ou menos anónimo, profundo, personalizado, provocador, divertido ou até pervertido. São o retrato de quem as escreve e o espelho dos dias.
Contam que estamos mais do que vivemos, que escrevemos mais do que falamos. Contam mais o que gostaríamos de ser ou viver do que aquilo que, realmente, somos e vivemos todos os dias. Contam as nossas vidas virtuais, já que as reais, essas, se tornaram demasiado áridas e não têm qualquer interesse. São narrações mais ou menos ficcionadas para entreter a solidão e o desencanto. Mas o fundamental é que, quando assim nos escrevemos, acabamos por nos re-pensar e re-criar também um pouco. Vamos fazendo pequenas re-descobertas dos lados ocultos ou há muito esquecidos e reprimidos dentro de nós.
E quem é que lê estas palavras que enviamos para a blogosfera, como se fossem "mensagens em garrafas" atiradas ao mar? A resposta mais correcta será... (quase) ninguém! É que, paradoxalmente, no mundo da comunicação globalizada, cada vez temos menos interlocutores. De modo irónico, cada avanço da tecnologia parece implicar um recuo da comunicação interpessoal: estamos a viver uma verdadeira era da incomunicação.
Para mim, os blogues assumem-se muito como uma vivência pessoal dessa incomunicação e como um esforço assertivo dos bloggers para se adaptarem aos tempos: é com estes blogomonólogos que vamos iludindo e apaziguando os fantasmas. E claro, também com a força das tuas palavras, Poeta:

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