quarta-feira, 18 de novembro de 2009

E se Rilke me escrevesse uma carta?

Carta a um blogger recente

[Meu caro blogger]:
"Ninguém pode aconselhá-lo nem ajudá-lo - ninguém! Há só um caminho: entre em si próprio e procure a necessidade que o faz escrever. Veja se esta necessidade tem raízes no mais profundo do seu coração. (...) Experimente dizer, como se fosse o primeiro homem, o que vê, o que vive, o que ama, o que perde. Não escreva poemas de amor. Evite, de princípio, os temas demasiado correntes; são os mais difíceis. Nos assuntos em que tradições seguras, por vezes brilhantes, se apresentam em grande número, o [blogger] só pode fazer obra pessoal na plena maturação da sua força. Fuja dos grandes assuntos e aproveite os que o dia-a-dia lhe oferece. Diga as suas tristezas e os seus desejos, os pensamentos que o afloram, a sua fé na beleza. Diga tudo isto com uma sinceridade íntima, calma e humilde. Utilize, para se exprimir, as coisas que o rodeiam, as imagens dos seus sonhos, os objectos das suas recordações. Se o quotidiano lhe parecer pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser bastante poeta para conseguir apropriar-se das suas riquezas."
Rainer Maria Rilke
Bilhete-resposta

Caro Mestre e Poeta:
É no seu último e sábio conselho que, sem surpresa, encontro as maiores dificuldades, pois não sou poeta. Mas ao escrever estas toscas palavras sobre o que vejo, vivo, amo ou perco no dia-a-dia, talvez consiga recuperar um pouco da fé em mim própria e assim arranjar forças para prosseguir a longa e incerta caminhada.
Com admiração e simpatia

Caneta

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