domingo, 15 de novembro de 2009

Dizer-se nas palavras alheias - 2

“Setembro é um mês fora de moda. O Inverno, o Verão e a Primavera mudam de cor todos os anos, nas revistas de época: do vermelho ao branco, do turquesa ao negro, em sucessivas revoadas. Mas Setembro é sempre dourado e doce, como os filmes todos de Woody Allen – mesmo aqueles que não se chamam September.
Cultivam-se as antigas artes da caça, breves jogos de morte e amizade, como nos palácios antigos. “Só no Outono se mata, e raramente, para homenagear os convidados”. (Marguerite Yourcenar, Quoi l’éternité). A partir de agora, ninguém é obrigado a andar bronzeado. As mulheres vão voltar a comer doces. As paixões tornam-se lentas e carregadas como o céu. As noites ficam maiores. Constança aprenderá com Fiona, a artista temporariamente retirada, que os namorados devem ser sempre velhos e os maridos sempre novos.”
Inês Pedrosa, in O Independente, 8/9/89

Nasci em Setembro. É não só, mas também assim, que sinto a luz muito particular deste mês do ano, interlúdio doce entre os excessos do Verão e os rigores do Inverno que se aproxima. Setembro "c'est une chanson qui [me] ressemble..."

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