quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"Cada coisa" tem o seu fulgor

Cada coisa tem o seu fulgor,
a sua música
Na laranja madura canta o sol,
na neve o melro azul.
Não só as coisas, os próprios animais
brilham de uma luz acariciada
quando o inverno
se aproxima dos seus olhos
a transparência das estrelas
torna-se fonte da sua respiração.
Só isso faz
com que durem ainda.
Assim o coração

Eugénio de Andrade, O Sal da Língua,
Porto: Fundação E.A., 1995

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