segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Maryjoana

Coisas que me abespinham, encanitam e irritam - XV

O sorrisinho contentinho com que o sr. Silva explica ao povo o que são eleições autárquicas - nem nós teríamos maneira de o saber se ele não nos dissesse tim-tim por tim-tim como é - e o modo como é claro que o governo nada tem que ver com isto... (ver aqui)
Viu-se...

Aliás, para o sr. Silva, o importante mesmo nestas eleições autárquicas foi a vitória do tenista João Sousa em Kuala Lumpur.  
Tudo a ver. 
Até porque nem outra ocasião mais favorável e adequada haveria para o sr. Silva felicitar publicamente o atleta.

domingo, 29 de setembro de 2013

Ainda a paisagem, de passagem - IV

Spray de outono.
N4 - Elvas: 29/9/2013

vigília

Giacomo Balla: A Luz da Rua (1909)

























era de noite e nos choupos
ouvia-se o vento
resmunguento
mas do ribeiro ao fundo da casa
nem um lamento

era de noite e algo em mim
continuava atento
ao fio de água inquieto
que me corria por dentro
do pensamento

era de noite e já a madrugada
espreitava quando por fim
nos choupos o vento
perdeu o alento

só o fio de água
já purulento
insistia ainda em correr
por dentro do pensamento

sábado, 28 de setembro de 2013

Comes and Goes

Campanha eleitoral: dia de reflexão

A todos os políticos profissionais que andaram por aí a fazer juras de amor eterno aos eleitores só tenho uma coisa a dizer:  Que a política vos dê em dobro aquilo que vocês já fizeram por aqueles a quem pedem os votos de 4 em 4 anos. Ou seja, zero.

Ah, e para raiva de uns quantos, podem contar com o meu voto amanhã...

Boa pergunta



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Descuidárquicas - III

Depois de ver estas lacrimosas imagens...

Ver aqui
até o crocodilo abriu a boca de espanto...

Campanha eleitoral: um balanço assim à "vol d'oiseau" - 1

Pelo que se viu por aí de norte a sul do país, ainda não é desta que se consegue abrir este florescente negócio... 
In RIbanho; Luís Afonso (texto) e Carlos Rico (desenho), Prime Books, 2006, p. 40

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Regra e exceção...

A Regra


A Exceção: Rui Machete

Este não mente, apenas comete uma "incorrecção factual" de vez em quando... Nada a ver portanto...

Ler notícia aqui

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Da grande página aberta do teu corpo

António Ramos Rosa

Breve subsídio para uma análise icónica das autárquicas aqui da terrinha

Notas prévias:
Não voto aqui e, por isso, não sou "parte interessada" em nenhuma destas listas. Apeteceu-me. E é tudo.
Fica de fora o BE porque não concorre e até certo ponto a CDU, já que apenas afixou cartazes com a foto do cabeça de lista à câmara municipal.

Câmara Municipal
Os três são "filhos da terra" e isso basta, por ser essa a condição que, por estas bandas, assume foros de sine qua non e legitima; à partida, qualquer candidato. Desta vez, o bom povo estremocense tem, pois, pela frente uma tarefa difícil. Sobre as promessas, obra feita e juras de amor pela terra e pelos seus autóctones (uns mais do que outros, recordemos) é que não vale a pena perder muito tempo.

Os cartazes, ou melhor, os MUPIS como agora se costuma dizer e os outdoors são idênticos em todas as listas, na medida em que os candidatos aparecem a solo e em destaque. Claro que poderíamos sempre falar das tão óbvias e diferentes expressões do rosto e do olhar, mas não vale muito a pena porque também já todos sabemos que o fotoshop andou por aqui...

Assembleia Municipal


O posicionamento dos candidatos na imagem é substancialmente distinto:

- no independente MIETZ, o primeiro plano é ocupado pelo cabeça de lista à câmara, estando o candidato num posição ligeiramente recuada e atrás, numa óbvia mensagem do tipo, a Assembleia Municipal sou eu e ponto final. Este só cá aparece porque a lei a isso obriga obriga, mas ele só faz o que eu lhe mandar fazer, percebem? De um certo ângulo, parece até que o cabeça de lista à assembleia municipal está a ser "puxado" pelo braço, como se viesse a "reboque" (coisa que, provavelmente, não andará muito longe da verdade!) Aliás, desde o início que o MIETZ é coisa de um homem só e apenas existirá enquanto este homem der a cara por ele. É isso mesmo que fica bem claro aqui.

De assinalar ainda o "politicamente correto" facto de ambos estarem colocados à mesma altura, a forma mais próxima de lado-a-lado que é possível conseguir numa imagem em que um está clara e ostensivamente à frente do outro.

- no PS, a situação inverte-se: o candidato está num primeiro plano, mas tem atrás de si o cabeça de lista à câmara, querendo com isto dizer que, por trás do presidente da assembleia municipal estou eu. Ou seja, no fundo uma mensagem em tudo idêntica à do MIETZ: quem manda sou eu, mas faz de conta que é eleClaro que também se pode pensar que o cabeça de lista à câmara se está de certa forma a esconder atrás do candidato que (o) apoia. Coisa muito conveniente no caso de a coisa correr mesmo mal, pois assim quem leva primeiro nas fuças é o outro. 
A opção pelo mesmo nível, tipo lado-a-lado, é idêntica à anterior.

- no PSD, o cartaz tem uma composição diferente dos dois anteriores: os candidatos estão lado-a-lado, de facto, sendo a hierarquia claramente assinalada pela diferença de altura. Bem mais acima está quem verdadeiramente "manda" - ou pretende via a mandar - na assembleia municipal. 
Em comum com a lista independente (MIETZ), a presença de uma panorâmica da cidade em fundo, enquanto o PS optou por um fundo branco e enormes grandes planos das caras dos candidatos, claramente "revistas" pelo fotoshop como é óbvio.

Juntas de Freguesia


Repete-se aqui todo o layout anterior, com uma única diferença: no PSD, a candidata tem direito a uns pendões de menor dimensão em que aparece a solo. Poderá ser um voto de confiança, ou então um sinal evidente de que ficará mas é por conta própria se ganhar a eleição. A ver vamos daqui a quatro anos...

Nesta coisa do eu tenho mais cartazes do que tu porque tenho mais dinheiro para gastar, o CDS, apesar de estar no governo, joga num campeonato muito próprio, pois colocou apenas meia dúzia de cartazes de pequena dimensão, todos afixados apenas no centro da cidade. Numa terra onde já sabe que nem sequer tem hipóteses de eleger sequer um vereador, a opção foi claramente: marcar presença gastando o menos possível. Dá-lhe por isso a despachar e, no reduzido número de cartazes que encomendou, coloca os candidatos todos, lado-a-lado e em tamanho natural, isto é, cada um com a altura física que deus lhe deu: Assim uma espécie de três-em-um que não aquece nem arrefece e que, no meio de toda a parafernália dos outros partidos passa praticamente despercebido.



Uma última palavra para a quantidade. Aqui, o PS vai claramente à frente (devemos andar já bem acima de uma centena, todos de grandes dimensões e sobre estruturas rígidas (mupis e outdoors), ou não estivessem o partido e o candidato a dar o tudo por tudo para tirar a desforra das últimas eleições, quando o adversário do MIETZ os levou ao tapete e deixou KO. Logo a seguir o PSD e o MIETZ que tentam, respetivamente, ganhar terreno e manter-se à tona de água. 
No meio disto tudo fica bem claro que quem menos interessa são os autóctones que votam neles e lhes garantem o poleiro por mais quatro anos pelo menos. 

Por absoluta falta de tempo e, sobretudo, de paciência, só fica em falta neste "ramalhete" a comparação dos "hinos autárquicos". Mas, a julgar pela qualidade da iconografia, devem ser todos maravilhosos, claro. Por isso proponho desde já um empate técnico e deixo uma amostra que dá para ter uma bela ideia do que será a qualidade da coisa...






Para outras perspetivas até mais refrescantes sobre o mesmo tema, nada como ver este excerto hilariante do "Governo Sombra":

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Novelas, balelas e quejandos


Eh pá, já não há paciência para tanta merda...



(e a forma como esta canção se mantém atual é o que mais me dá que pensar...)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Descuidárquicas - II

Uma espécie de flashback absolutamente notável, talvez mesmo iluminado(r). Uma verdadeira cartilha de más inclinações e de sobrevivência política, percebe?

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Autogénese

A inútil tragédia da Vida






























"As pessoas caem como folhas
E secam no pó do desalento
Se não as leva consigo
A fúria poética do vento.

Para que se justifique a nossa vida
É preciso que alguém a invente em nós.
Os que nunca inspiraram um poema
São as únicas pessoas sós."

Natália Correia, in "A inútil tragédia da Vida" (excerto)

domingo, 15 de setembro de 2013

Um céu que desabasse...



O problema de Portugal

é que, para além de ter sido "inventado por um português" (como parece óbvio para alguns se tivesse sido por outro qualquer seria bem melhor...) é governado por ministros como este, Poiares Maduro de sua graça (o nome, aliás, é mais comprido que o homem) - que afirmam diariamente, com uma ligeireza de cortar a respiração, coisas como esta ou esta. Anda-me cá a palpitar que estes fulanos só param quando forem os re-inventores de Portugal...

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Labyrinthine

do outono

não é apenas
no quotidiano ocaso
mais precoce a cada tarde que termina

não é apenas
no canto quebradiço das folhas
mais numerosas sob os meus pés
a cada caminhada que faço

não é apenas
nos sons distantes
a varar o ar fino da madrugada
mais nítidos a cada dia que começa

é também nos ossos 
- neste frio leve mas insidioso 
que neles sinto entranhado
e me embala ao de leve a insónia
a cada madrugada que se prolonga -
que percebo
a mansa caminhada do outono
a aproximar-se pelos labirintos do verão

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Em lâminas

40 days of dating

Não. Afinal, Jessica e Tim não ficaram juntos ao fim de 40 days of dating (ler aqui). Pelo menos foi isso que escreveram há dois dias atrás - com atraso relativamente à previsão inicial - no diário escrito e gráfico que acompanhou o projeto ao longo destes dois últimos meses (ler notícia aqui): 
À pergunta "How do you feel about this relationship/project right now?", Jessica respondeu que: "We are so wrong for each other in so many ways, and so right for each other in many other ways."

No fundo, no fundo, nada de novo por aqui, para além da criatividade. Nem sequer a intencional exposição pública de uma certa ideia da vida privada. 


Imagem daqu

domingo, 8 de setembro de 2013

An Empty Field

Setembro: o render do verão

N18 - Estremoz: 8/9/2013

Aa autárquicas 2013 e o acord(e)ão do TC

Dado que, muito convenientemente, o acord(e)ão do Tribunal Constitucional agora divulgado refere - com fundo musical em tom folk e muito acordeão a gemer - que o “pensamento legislativo não é claro, uma vez que não pode afirmar-se, sem dúvida, qual é a vontade da lei”, isto é, dado que  entre o "de" e o "da", o Tribunal Constitucional se decidiu pelos do costume... (ler aqui e aqui), já não temos propriamente candidatos autárquicos nem, a meu ver, seria adequado falar em tal. Temos, isso sim, "artistas residentes" que, a partir de agora, percorrerão o país de norte a sul em tournée política... até chegarem à reforma.

Agora a grande questão é apenas a de saber quantas câmaras municipais consegue governar um único candidato. Para além, claro está, do número total de mandatos exercidos. E a parada está alta pois, em 1998, um litro de detergente para a louça Fairy lavou mais de 14 mil pratos, assegurando presença no Guinness...  

Em 2013 aceitam-se apostas para ver qual dos "artistas" vai superar este recorde... Tenho cá um palpite, mas não digo nada... por enquanto...

sábado, 7 de setembro de 2013

calendário anódino

Orson Welles: "Citizen Kane", 1941 - Imagem daqui
















gotejam
uma após outra,
às vezes quase imperceptíveis,
as horas
de que são feitos os dias
iguais, entorpecidos

e cumprem-se os trabalhos
que os atalhos, esses,
têm demasiados escolhos

vão caindo
uma atrás da outra,
como máscaras
sobre o histriónico rosto do tempo,
as mensais folhas
do calendário

e cumpre-se o sono
que os sonhos, esses,
saem demasiado caros

somam-se
1 + 1 + 1 + outros,
insidiosos, rasteiros,
os anos
que nos gastam
corpo e alma
até esse instante último, 
todo estilhaçado de luz e de sombra,
tão anódino quanto supremo,
em que pressentimos
ter arrancado
a última folha do calendário

e cumpre-se a vida
(coisa bem pequena, afinal)