sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Mentir ao baldão: empate técnico

Em janeiro de 2005, o líder da oposição, José Sócrates de sua graça, prometia recuperar nada mais nada menos que 150 mil empregos perdidos nos últimos três anos pelos governos PSD/CDS-PP, mas só se se os socialistas vencessem as eleições legislativas do mês seguinte (ver aqui).

Em dezembro de 2013, Passos Coelho, mais conhecido no Face como «Pedro», veio dizer que em 2013 já criou 120 mil postos de trabalho, que afinal são apenas 22 mil, segundo o INE e este jornal aqui.

Faltou-lhe, portanto, um bocadinho assim para chegar aos números aventados por Sócrates naquela campanha eleitoral. Mas não faz mal porque um disse que ia criar os empregos se ganhasse as eleições e o outro disse que já tinha criado, mas não criou nada, embora tenha ganho as eleições. Como ambos mentiram, regista-se um empate técnico neste despique ao "baldão" entre estes dois mentirosos compulsivos que deixam o Jim Carrey de "Liar, Liar" maus lençóis como, aliás, se pode confirmar já a seguir:

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Se não for isto, é algo muito parecido - 71

Évora: 23/12/2013

Narrativa das árvores - II


Quando ainda muito jovem, todo cheio de vigor e de força, o pinheiro foi implantado na linha de dunas, mesmo de frente para o atlântico, onde lutou sem descanso, às vezes corpo-a-corpo, contra o vento enfurecido, sem nunca deixar que ele o derrubasse. Mas isso foi há tanto tempo que ele já nem sabe contar.
Passados alguns anos, com o tronco todo marcado por lanhos fundos, vergado devido ao esforço excessivo e continuado, era-lhe cada vez mais difícil enfrentar o rijo vento que, para o irritar ainda mais, insistia em lhe soprar para cima das raízes a areia fina das dunas. Quando isso acontecia, só lhe apetecia gritar até fender a grossa casca ou então fugir dali, mas sabia que as raízes enterradas bem fundo na areia compactada pelo tempo nunca lho permitiriam. Às vezes, sentia-se tão cansado que as forças lhe faltavam ainda que só por breves instantes. E foi justamente numa dessas ocasiões que o vento, sempre impiedoso para com as fraquezas alheias, o derrubou sem aviso. Prostrado, ali ficou impotente a sentir como a areia das dunas se tornava a cada dia mais insinuante e ameaçadora, consciente de que, se não fizesse algo para reverter a melindrosa situação em que se encontrava, tinha os dias contados.
Certo dia, viu aproximar-se um ser diferente de todos os que conhecia e que deslizava ligeiro pela areia quente do início da tarde, deixando atrás de si um rasto ondulante. Era uma jovem serpente que, na sua busca errante por alimento e território para se estabelecer, ali tinha vindo parar por mero acaso mas que, logo percebendo que a vida por aquelas paragens não era fácil, seguiu em frente à procura de lugares mais amenos.
Enquanto o vento lho permitiu, o pinheiro observou com atenção o estranho sulco ondulante que atravessava o dorso das dunas. E muitos dias depois de desaparecido o rasto, a imagem daquele ser estranho a deslizar graciosamente pela areia ainda continuava bem viva na sua memória. Não sabia bem explicar como nem porquê, mas parecia-lhe que aquela visão misteriosa e inusitada não acontecera por acaso, que havia ali um qualquer sinal que precisava entender. Até que, numa certa manhã de ventania, quando mais uma vez perdia o fôlego a tentar inutilmente puxar as raízes, percebeu que a estranha forma de locomoção que observara talvez fosse a resposta que procurava há muito tempo para poder escapar à traiçoeira situação em que se encontrava.
Tomou, nesse mesmo instante e sem qualquer hesitação, a decisão que lhe viria a mudar a vida para sempre. Fez um grande esforço para se alhear de tudo o que o cercava, sobretudo do vento que o vinha provocar a todas as horas do dia ou da noite, e começou a concentrar-se mas, pela rigidez entorpecida do tronco tombado, logo compreendeu que não seria fácil. Por isso, redobrou a sua determinação, feita de teimosia, convicção e vontade de vencer e percebeu que a cada dia que passava conseguia chegar um tudo nada mais longe.
Até que, num luminoso dia de abril, sentiu estalar a casca de uma forma estranha e viu que uma escama larga e arredondada se formava lentamente... Logo se sentiu tomado por uma súbita e intensa alegria que lhe percorreu o cerne e o sacudiu todo até lhe deixar as agulhas a vibrar de excitação. Uma alegria como nunca havia sentido antes! Percebeu, nesse mesmo instante, que um dia conseguiria mesmo libertar-se daquele túmulo onde o vento o estava pouco a pouco a enterrar vivo, que poderia finalmente libertar-se daquela permanente obrigação de estar alerta para poder resistir e ripostar e ir ver um pouco do grande mundo que desconhecia. Ganhou então confiança e forças acrescidas para continuar o lento processo de transformação que iniciara há anos atrás.
Agora, já com o tronco bem mais oblongo e quase todo coberto de grandes escamas simétricas está cada vez mais próximo do seu objetivo único: ser, finalmente, LIVRE. 

 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

NATAL!?



Ele aí está de novo

Ele aí está de novo, barato e colorido,
com grandes descontos e promoções,
natal de plástico e luzes made in China
com promessas de grandes famílias
trajando o melhor sorriso sintético
reunidas à volta de mesas requintadas
em cenários da House&Garden.

Ele aí está de novo, com os seus mártires
que, no shopping, mesmo à hora do telejornal,
correm ainda para comprar as prendas que, depois,
hão de vir trocar e que nunca chegarão a usar.

Ele aí está de novo, o natal dos números
- quanto maiores, melhor - e dos paralelismos inúteis
com o natal do ano anterior:
acidentes, mortos e feridos na estrada
toneladas de bacalhau e azevias engorduradas
enjoativas pirâmides de ferrero-rocher
bolos-rei comprados e não comidos
recordes do guiness
levantamentos multibanco...

Ele aí está de novo, o natal dos hospitais das prisões
dos sem-abrigo dos órfãos dos velhos dos aflitos dos sós
dos programas de televisão e das iniciativas dos famosos
- e pena é que para todos eles o natal só dure um momento -
dos peditórios para tudo e mais algumas coisas ainda
dos imparáveis sms com votos de um «santo natal
e de um ano novo muito feliz».

Ele aí está de novo, o natal
que só há mesmo nos anúncios
de perfume francês repetidos até à exaustão total.

Mas o melhor de um natal assim
é saber que já só dura mais umas horas
e depois - ufa, que alívio! -
podemos todos voltar a ser normais
e não natais.





PS - Ah, já me esquecia: Um Santo Natal para todos!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O direito na cidade

Um óbvio piscar de olhos à série "O sexo e a cidade"...


mas que, tratando-se de mulheres e de Portugal, só podia dar nisto...


Uma coisa é certa: ganhem ou não o processo disciplinar da Ordem, as cinco advogadas já são um sucesso nas bocas do mundo e, sobretudo, tornaram-se virais no Youtube. Provas mais do que suficientes para concluir que o anúncio - fora da caixa para os padrões habituais na profissão e no país - cumpriu em pleno os objetivos visados e que anda mas é por aí muita dor de cotovelo. Dinheiro muito bem empregue, portanto.

Meninas, aproveitem para ir celebrar à grande aí na Avenida da Liberdade...


domingo, 15 de dezembro de 2013

Eu seguro

outonal

N4 - Borba: 13/12/2013





























no rubor desolado das vinhas
o sol traça mais nítidas
as veredas deste outono
que se demora a descansar
no dorso dos montes

e, ao cair da tarde,
um melro alvoroçado
ecoa estridente no ar fino e leve 
como se viesse reclamar pelo atraso

domingo, 8 de dezembro de 2013

Antigamente, tudo era diferente

De vez em quando aparecem coisas assim. Neste caso, feitas pelos alunos das escolas do 1º ciclo das freguesias rurais de Montemor-o-Novo. Nã há dúveda, estes gaiatos sã mêmo uns artistas.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Qualquer coisa

Edvard Munch: Melancolia; 1894, óleo s/ tela



















Um hálito de música ou de sonho,
qualquer coisa que faça quase sentir,
qualquer coisa que faça não pensar.

Bernardo Soares, in Livro do Desassossego

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Cátia e Ivan - ou a vida suburbana, hoje

Primeira curta-metragem produzida em exclusivo para um revista digital portuguesa: a Carrossel Magazine. Foi escrita por Ricardo Adolfo - sim, esse mesmo, o do romance Maria dos Canos Serrados - e realizada por Jorge Cramez (ver aqui).

sábado, 30 de novembro de 2013

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

aforística

Guadiana - Ponte da Ajuda: nov. 2013


das água paradas
é às vezes
a mais pedregosa
travessia

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Terms and Conditions

narrativa das árvores - I


N4 - Borba - novembro 2013
quando o dia
poente e sonolento
começa a deixar pender a cabeça para trás dos montes
as sobreiras de casca enrugada
e com o saber de gerações vincado no tronco
parecem enfileirar-se devagar pela encosta

lembram um rebanho
que se agrupa em busca de proteção
contra a mordedura do frio 
- ou até contra o medo - que repassa
as grandes noites espessas
que precedem o solstício de inverno

talvez o façam 
porque no seu cerne ainda guardam
a memória ancestral 
das genesíacas águas que tudo alagaram

talvez o façam 
porque sentem no mais profundo das suas raízes 
a crescente aridez do solo
e querem perscrutar no horizonte longínquo
as nuvens dispersas que adivinhem as chuvas a haver 

ou talvez o façam 
apenas pelo mais puro e simples prazer 
de se  contemplarem
no rubor crepuscular
do narcísico espelho das águas paradas

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Por coincidência

Por coincidência, no final do jogo com a Suécia, alguém se deu ao trabalho de fazer um video com os craques da seleção a agradecer o apoio dos portugueses.

Por coincidência, ficou o povo todo babadinho, até porque a seleção se qualificou para o mundial aquele.

Por coincidência, o video tornou-se logo viral e passou reiteradamente em tudo quanto  é canal de televisão e foi publicado nos jornais online (ver aqui e aqui).

Por coincidência, ontem mesmo - e uns dias mais tarde do que o habitual -, eu, tal como milhares de outros privilegiados funcionários públicos, recebi via mail uma mensagem com três anexos: o reci d venci do mês em curso, o reci do duodé do subsí de Nat e ainda um terceiro anexo, onde constava o rec do sub de fér. Aliás, continua a chamar-se àquilo "recibo" apenas por uma questão de hábito instalado, ou quem sabe por pura ironia, porque na verdade é um "corte" bem mais que um abono.

Por coincidência, andamos todos tão contentinhos com o ronaldo, a seleção e o tal de mundial e a bota de ouro do messi e mais a campanha abortada da pepsi e mais o raio que nos parta a todos que  já nem sequer reagimos.

Por coincidência, isso também convém a alguns.

Por coincidência, os (tele)jornais anunciavam também ontem que os funcionários públicos iam receber o subsídio de férias no natal e que os comerciantes, quais abutres a salivar ante a carniça fresca, já esfregavam as mãos de contentes a pensar no dinheirão que todos irão gastar em prendas, sim, porque agora podemos, claro (ler aqui). E só por causa disso, isto é, por causa do subsídio, perdão, do "corte de férias dos funcionários públicos", o consumo vai aumentar neste natal. Pelos vistos, impediram-se assim as férias para garantir agora a subida do consumo interno e para poder vir depois dizer que os funcionários públicos são mesmo uns privilegiados, vejam lá o que eles fizeram com o subsídio que tanto sacrifício o estado fez para pagar: foram gastá-lo todo em prendas de natal e olhem que eram uns largos milhões de euros. Temos mas é que lhes baixar ainda mais o ordenado a ver se esses privilegiados se controlam.

Por coincidência, ficámos ontem todos ricos, o governo é que, coitado, tem agora de suar as estopinhas para cumprir as metas do défice, ah mas eu sei muito bem de quem é a culpa! É do tribunal constitucional que obrigou o coitadinho do estado a pagar o que deve aos seus funcionários, esses privilegiadões que, na sua maioria, ganham pouco mais de 600 euros mensais e andam a chupar o sangue ao dito cujo sem fazer nada.

Por coincidência, eh pá, o ronaldo fez mesmo um granda jogo, aquilo foi mesmo brutal, pá. A jogar assim vamos à final do mundial aquele, pá. 

De repente,só por coincidência, até parece que não há mesmo coincidências... Chiça!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

domingo, 17 de novembro de 2013

Idiotismos

Esta idiota foi à televisão tentar vender o seu último livrinho e aproveitou para dizer pérolas como esta "Fico triste em ver este tipo de manifestações, que demonstram falta de civismo das pessoas que vão interromper e tentar perturbar o trabalho daqueles que neste momento governam o país" e outras que se podem ver/ouvir aqui


Despoletou de imediato reações como esta do Bruno Nogueira (ouvir aqui) e muitas outras nos media e no Facebook. E todos acharam muito bem que a fulana levasse na cabeça, incluindo eu.








Já não percebo assim tão bem é que venha este idiota à televisão e aos jornais de maior circulação, todo contentinho consigo mesmo, dizer coisas como esta: "Subir salário mínimo é estragar a vida aos pobres" e não despolete de imediato uma onda de reações em tudo análoga à que existiu para o primeiro caso. 
Até porque este idiota é convidado diariamente, muito bem pago e, provavelmente,  muito tido em conta no "arco do governo" por aqueles que andam a esmifrar isto tudo.

Muito provavelmente é porque, no primeiro caso, se trata de uma mulher, com bom aspeto e ainda por cima loura, e, no segundo, estamos perante  um homem de fato e gravata e barba na cara? 

Até nisto somos miseráveis, de facto,

domingo, 10 de novembro de 2013

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

E a peixeirada ainda mal começou

Começou bem a campanha pública de Carrilho contra a quase ex-mulher Bárbara: desde álcool e drogas, passando por depressão, traumas e abuso sexual, aquilo mais parece um manual de psicologia. Ou um filme de terror.

Nem se percebe como é que o pobre do homem, ainda por cima de reconhecido gabarito intelectual e impoluta reputação política (ou será ao contrário?) aguentou tantos anos casado com uma mulher assim tão desequilibrada...

Gostei sobretudo do modo como ele atirou desde logo os filhos menores para dentro desta tina de roupa suja lavada em público, dizendo ainda por cima que é para melhor os proteger...

Lidas algumas das suas contundentes revelações acusatórias contra a mulher ficou-me uma dúvida. Coisa assim muito pequenina: e por onde andaria tão extremoso pai pela filha pequena que alegadamente chorava de fome junto à porta, enquanto a mãe se alcoolizava fechada na cozinha?


Ao que parece, estava muito ocupado em... Paris:


Relativamente à quase ex-mulher diz que tentou "tudo", mas não refere nada de concreto. Aqui chegado, parece que a memória - tão cheia de detalhes sórdidos, até sabe quantos comprimidos ela toma diariamente para se manter magra - não tem espaço para guardar alguns exemplos que agora pudesse apontar em público sobre a forma como terá então tentado "tudo" para ajudar a companheira que, a julgar pelas descrições que faz, não demorará muito a ser internada compulsivamente numa clínica de repouso.

Muito mal contada esta história. Isso sim. Há em toda esta história algo de a "Guerra das Rosas", mas é um mau remake porque há dois miúdos pequenos envolvidos. E é só deles que tenho pena metidos no meio de semelhantes progenitores e a serem usados como meros objetos para servir interesses que, de certeza, não são os seus.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Parece que o futuro já chegou...


... pelo menos no que aos telemóveis diz respeito. É só olhar à volta e nem precisa de ser com muita atenção.


Às vezes tenho a impressão de que, para muito boa gente, não existia vida antes do dito, tal a forma como parecem depender dele até para respirar. Parece-me té que algumas delas não sobreviveriam mais do que uma hora sem ele (os meus alunos adolescentes nem sei se aguentavam meia hora...).

Visitando um museu.

Um belo dia na praia.
Um animado jantar de amigos.
Ainda melhor: um jantar romântico a dois.

Uma espécie de "vá para fora cá dentro" (do tlm, claro está).
Confidências entre amigas.
A torcer pelo clube de eleição.
"O primeiro beijo" de David Vela Cervera (2007)
A brincar com os amigos no parque infantil.
Novas regras de etiqueta à mesa.

domingo, 27 de outubro de 2013

All Tomorrow's Parties

Quem os ouvia e quem os ouve...

Em junho de 2011, alguns dias após as eleições legislativas, PPP assegurava que tinha testosterona para dar e vender. Por isso, o povo que se preparasse e a oposição que se cuidasse... 
...
Ler aqui
Agora, que as eleições legislativas estão novamente no horizonte e se aproximam a largas passadas, o Mota vem de lambreta dizer que, afinal, os credores internacionais - Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia - exigiram o aumento da idade da reforma para os 67 anos, mas que o executivo rejeitou.


Ler aqui
Por este andar, ainda os vamos ouvir dizer que estes quatro anos de empobrecimento generalizado e de perda de direitos sociais não passaram de um grande equívoco, nosso, claro está!

E pior: é bem provável que muitos dos que, agora, andam aí nas manifestações a gritar contra o governo voltem a votar PSD em 2015. 

Ler/ver aqui
A ver vamos...

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Se não for isto, é algo muito parecido - 68

Nem sei de quem tenho mais inveja, se do fotografado, se do fotógrafo.... e não, desta vez, não se trata de uma metáfora do país ou dos contribuintes. É mesmo só isto: a vertigem em estado puro.

Fotografia de Jimmy Chin, tirada no Parque Nacional de Yosemite (Half Dome), para o National Geographic Magazine

terça-feira, 22 de outubro de 2013

domingo, 20 de outubro de 2013

Ainda a paisagem, de passagem - VII

E há um verde que alastra pouco a pouco sobre o solo em carne viva...

N4 - Elvas: 20/10/2013





























Do hábito de reparar

O coração não se engana.
Pode cansar-se, 
mas não se engana.
Pode também 
habituar-se ao ponto
de já nem reparar
na planura que rodeia a estrada
(contra essa dor é a minha luta).
Mas não, não se engana.

Enquanto, de passagem, 
o olhar for capaz
de perceber as múltiplas, 
quase imperceptíveis
formas como a paisagem
se altera no espaço
de apenas alguns dias,
e enquanto a consciência disso tudo 
- do olhar e das coisas vistas - 
fizer sentido, sei que o coração
pode até estar cansado,
mas nunca entorpecido pelo hábito,
que, até nisso, o coração não se engana.

Sei lá.. a vida tem sempre razão

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

You're So Vain

O lusintectual

Diz o lusintectual
que a bloga já não lhe dá pica.
Que escreve para as audiências
e estas (que injustiça!)
andam arredias.

Por issoo homo scribens, 
temendo ser condenado
à darwinística extinção,
ameaça com voz grossa:
Olhem que vou escrever para outra plataforma!

Mas uma semana depois
ei-lo que regressa, 
qual fénix desempoeirada: 
Ora tomem lá o meu novo livro! Apareçam!

Presumo, pois, que as audiências,
assustadas,
devem ter regressado a trote...

(grande marmelo este!)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O busílis da questão

Cada vez me parece mais que isto é como a velha questão do copo: meio cheio ou meio vazio? 

Só que, neste caso particular, ainda não se percebeu bem se a dificuldade se deve ao facto de o problema ser insolúvel, ou se são as cabeças que, por serem fraquinhas, não conseguem resolvê-lo...

João Abel Manta, Um problema difícil, 1975

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A lição de anatomia

Ontem, em horário nobre e em direto, Paulo Portas não fez uma comunicação ao país. Deu-nos, isso sim, uma verdadeira lição de anatomia do contribuinte (ler/ver aqui). E assim se percebeu bem melhor a razão de ter demorado 10 horas o tal conselho de ministros. Foi mesmo tudo escalpelizado ao pormenor, não nos fosse escapar algum cêntimo no bolso...

Imagem daqui