quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ah, se eu soubesse...

O que interessa ao amor

ao amor não interessa inquirir
se é o primeiro ou o segundo

muito menos lhe interessa debater
se será ou não o derradeiro

ao amor apenas interessa saber
se é, ou não, verdadeiro

Os impostos e os ricos: toda a verdade

A verdadeira razão pela qual os ricos, apesar de altruisticamente se terem disponibilizado para pagar mais impostos(!?), acabarão por não entregar nem mais um cêntimo ao estado é esta: o tio Patinhas não deixa!

In www.nytsyn.com/cartoons

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O abismo entre ricos e pobres

Os ricos querem e podem. O que faz deles, para além de ricos, poderosos. Os pobres também querem mas não podem. À pobreza juntam assim a impotência face ricos e poderosos.

Por isso, os ricos querem sempre mais para poderem também cada vez mais. E a receita parece ser simples: os ricos e poderosos ameaçam acabar com tudo (emprego, investimento, pagamento de impostos, etc) para, depois, dosear melimetricamente as recompensas dadas aos pobres – e até aos remediados – de modo a que eles se contentem cada vez com menos e ainda se mostrem agradecidos por isso. Pérfida mas poderosamente eficaz, como se comprova diariamente nos noticiários do país e do mundo.

Um simples exemplo: dantes os ricos davam bodos aos pobres, mas agora os ricos, em plena 'crise' e sem qualquer resquício de pudor, dão cada vez mais magnificentes bodos aos ricos para ajudar os pobres têm eles a lata de vir dizer (veja-se aqui). Mas a versão mais recente e ainda mais arrojada da coisa é a manifestação da boa vontade dos milionários em pagar impostos ao estado. Ao que isto chegou!

"Now you can say that I've grown bitter,
but of this you may be sure:
the rich have got their channels
in the bedrooms of the poor."

Leonard Cohen, In Tower of songs

Tower of song

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Frases com assinatura própria

Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas.

Frederico García Lorca

Uma forte brisa que refresca

a tradição musical portuguesa: Uxu Kalhus.

A espuma dos noticiários - II

Líbia: desde o princípio dos tempos que o "massacre dos inocentes" - embora, no limite, até saibamos que há sempre uns mais inocentes que outros - constitui a verdadeira fundação do poder. A história dos povos sempre foi e continua a ser, sobretudo, a dos massacres cometidos seja para legitimar o poder aos olhos do mundo, seja para garantir a sua conquista ou para assegurar a sua continuidade. Muitas vezes até (suprema ironia) com o beneplácito das instituições/entidades internacionais criadas justamente para "prevenir" esses mesmos massacres.

Na verdade, o poder é a mais mortífera das armas inventada pelos homens.

A espuma dos noticiários - I

Usain Bolt: os muito bons também têm, às vezes, dias muito maus, ou como nos faz bem perceber que os heróis olímpicos ainda são humanos e, por isso, falham estrondosamente nos momentos decisivos. Tal como nós.

domingo, 28 de agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

África também é um fascinante continente musical


Leis teóricas e contradições humanas

Na Física, há já muito que se sabe como as partículas electricamente carregadas e de sinais opostos se atraem mutuamente. Porém, no mundo das relações humanas, quando dois opostos se atraem, verifica-se primeiro a convergência, depois as divergências e, por fim, a repelência...  Este aparente paradoxo acontece porque, aqui, os opostos que se atraem, em vez de somar, vão-se subtraindo até chegar à dissolução total.

É que, no plano das interacções humanas, os opostos que se atraem são regidos mais pelas leis da Entropia - tanto a da Termodinâmica, como a da Informação -, do que pela lei de Coulomb propriamente dita.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Combinações proverbiais

Por cá costuma dizer-se que as palavras são como as cerejas. Já em Malta dizem que os beijos são como as amêndoas. Ora, cerejas e amêndoas são uma combinação feliz de sabores e texturas.

Por isso, quando as palavras soam doces e crocantes como amêndoas e os beijos se tornam sumarentos como cerejas maduras, podemos dizer, sem medo de errar, que a vida vai boa.

A poesia está guardada nas palavras

A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.


Manoel de Barros, In Tratado geral das grandezas do ínfimo,
Ed. Record, 2001

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Algo a ter em conta

Antes de se diagnosticar a si mesmo com depressão ou baixa auto-estima, primeiro, certifique-se que não está simplesmente cercado por idiotas.

William Gibson

«Portugal» é uma marca pelos vistos muito vendável. Talvez demasiado.

Tudólogos e outros especialistas todo-o-terreno têm agora tempo de antena diário nos media - mais, bem mais que os canónicos 15 minutos - para nos explicar o que o país tem de fazer para sair da crise. Só ainda ninguém percebeu é por que razão não se faz isso mesmo, mas enfim... Quase todos acham que a solução é exportar mais e aumentar o consumo interno de produtos made in Portugal para aliviar os custos das importações.
Ao longo do tempo, várias entidades, organismos, institutos públicos e afins foram surgindo - com financiamento do Estado - para cumprir a patriótica missão de publicitar e divulgar a marca «Portugal» cá dentro e sobretudo lá fora, na tentativa de fazer crescer as exportações. Duvido é que alguém saiba ao certo quanto dinheiro tem sido gasto pelo Estado neste tipo de publicidade, menos ainda que alguém tenha a noção exacta da relação custos-benefícios e do seu impacto real na nossa economia, como é o caso da estridente e vistosa campanha "Allgarve".

Certo e que os slogans foram aparecendo: uns mais oficiais, como "o que é nacional é bom" ou o "compro português", outros menos oficiais, amplificados e potenciados pela net e pelas redes sociais, como é o caso do "Movimento 560" com o código de barras. Há até livros especializados onde se analisam à lupa as estratégias promocionais da «marca Portugal» e as respectivas falhas. É o caso deste, cuja capa pisca deliberadamente o olho aos pequenos anúncios da imprensa para despertar a curiosidade dos potenciais leitores:


No entanto, alguns anúncios reais têm sido publicados em jornais portugueses. Embora anónimos, são certamente escritos e pagos por cidadãos que escolheram esta forma sarcástica e muito peculiar de expressarem o seu descontentamento com a situação actual e, sobretudo, com a classe política que nos (des)governa. Tenho conhecimento de dois, mas é provável que haja mais:



Vistos apenas pela perspectiva do humor há que reconhecer que até não somos um povo assim tão sorumbático e triste como às vezes parecemos. Já na perspectiva da cidadania demonstram que, afinal, não andamos assim tão alheados das coisas quanto nos querem fazer crer, bem pelo contrário: estamos conscientes da origem dos problemas que nos afligem e temos um apurado sentido autocrítico. Nada de grave, portanto. Apenas bizarro.

Grave mesmo é perceber como, à conta da crise, andam por aí alguns a pensar em fazer o que os ditos anúncios propõem, achando ainda por cima que lhes ficamos a dever um grande favor. Veja-se, a este propósito, a esclarecedora reacção dos mais ricos do país à proposta de um eventual imposto especial que pudesse contribuir para minorar as dificuldades que atravessamos...  (ler aqui). Extraordinário, de facto. O mínimo que se pode dizer é que a este senhor ninguém deve ter contado a história da galinha dos ovos de ouro quando era criança, ou então não a percebeu, coitado...

Penso que não há razões para temer quem  anuncia a espalhafatosa «venda» de Portugal na imprensa, como se de um apartamento se tratasse. Há é razões para temer quem, sem anúncio prévio, vende até a própria alma, se disso puder tirar proveito pessoal, quanto mais o país.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Como se estivesse em Agosto

Estou todo no mês de agosto
Estou escarranchado no lombo nutrido de agosto
sentado à mesa de um café envolto no manto de múltiplas vozes
olhando pela janela uma toalha de mar e a terra ao fundo
debaixo do céu azul e branco do sol e do vento
café e vozes céu terra e mar tudo coisas talvez de agosto
objectos que o deus deste mês se porventura dada a fartura houver também um deus para os meses
utiliza para que assim toda a gente possa falar univocamente de agosto
e agosto não seja o nome frio dos números
mas seja um tempo e a orla da água que banha os pés desse tempo
e as coisas que existem na mão aberta desse tempo
Agosto não é o oitavo mês do ano
as ferias há muito previstas e marcadas o sitio
de certos rostos por um instante resplandecentes mas cedo bebidos pelo esquecimento
talvez para o ano vindos na vaga de um novo mês de agosto
Agosto são muitos jornais vagarosamente lidos
de páginas uma a uma passadas como os trinta e um dias deste mês
agosto é o espaço do pensamento da boca boquiaberta
do sol outra vez usado como o único relógio de pulso
Agosto é o regresso dos emigrantes o mês da morte na estrada dos emigrantes
de uns homens que antes eram portugueses e hoje são emigrantes
e voltam a estas paragens como as aves às terras serenas e avaras do norte
Agosto é a estrada estreita que o mar enfia nos campos
como faca que fura sebes de canas campos de couves
e ensombra ainda um pouco mais a sombra de certas árvores
Agosto é eu estar aqui a trazer as mangas arregaçadas
é envelhecer ao sol na dispersão distraída de determinados gestos
é saber que estou de momento separado de secretárias com muitos problemas em suspenso
que me sento numa pedra e oiço uma música e reconheço a minha forma mais frequente de me sentir vivo
embora depois complique o que sinto e diga talvez que me sinto feliz
Por vezes agosto é o nevoeiro essa espessura de certa maneira branca
que me faz pensar que penso e achar que há uma certa profundidade no que por vezes penso
nevoeiro que mora um tempo na minha cabeça e depois
desce até às páginas do livro que leio de maneira diferente
dos livros que leio nos outros meses do ano
Agosto não é a pura palavra não é determinada designação para um tempo
onde cada uma dessas coisas anualmente se encontra comigo
Agosto são talvez estas palavras todas onde me perco onde procuro pôr os meus passos
onde afinal penso que permaneço um pouco mais do que no frágil edifício dos dias
Não escrevo neste domingo de agosto onde já houve sinos
e há gestos diferentes dos mesmos gestos que fazemos nos outros dias
Estou um pouco nestas palavras na própria
palavra agosto que ponho sobre o papel
e que embora aponte para agosto não é esse mês de agosto
Estou em agosto estou um pouco em agosto

Ruy Belo, In Toda a Terra, Ed. Presença, 2000

Sobre os dias que vão

Nem sem, nem com,
apenas A-gosto.

E, quando acabar,
não (me) dará desgosto.

(Re)organização das nações com ligação directa aos territórios da imaginação

Partindo do excelente trabalho criativo de Guilherme Mansur, um Portugal realmente novo poderia muito bem ser este:

E esta seria a sua bandeira:
Guilherme Mansur: Bandeiras - Territórios Imaginários (vídeo-animação)
Quem sabe se a saída para a «crise» existencial em que estamos mergulhados não está numa refundação dos países e na nova redistribuição dos bens e riquezas que ela implicaria?

Ver mais propostas que dão que pensar aqui.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Chuchurumel, o castelo da música tradicional portuguesa reinventada

Questões de género

Vistas pelo poeta - homem:

"...
O homem faz amor
para se sentir bem.

A mulher faz amor
quando se sente bem.

Uns falam.
Outros apenas fogem do silêncio.

Uns amam.
Outros de si mesmos escapam."

Mia Couto, "Falas de Uns", In Tradutor de Chuvas,
Caminho, 2011

Vistas pela sexóloga - mulher:

"É legítimo perguntarmo-nos se a banalização, o excesso, não leva a que as pessoas se tornem mais insatisfeitas, mais à procura da intensificação da experiência. Numa lógica consumista, faço com o sexo o que faço com os carros ou com os restaurantes: quero cada vez mais o extremo, o que me dá as sensações mais fortes. Para elas, o sexo continua a ser o caminho a percorrer para chegar ao afecto e à relação companheira? Eles têm de as entreter com bazófia amorosa para chegar ao que verdadeiramente querem, o sexo? Esta visão maniqueísta, redutora, deixou de vigorar ou não?
Há um cartoon que resume isso: "Faço sexo porque te amo, amo-te porque fazemos sexo". O tipo ama a mulher porque faz sexo com ela, ela faz sexo com ele porque o ama. Se desmontarmos isso, temos de perguntar: a mulher que quer um amor companheiro, tem que ser para a vida toda? E se o sexo deixar de ser bom, quer ficar na mesma? O que é que espera disso? Se calhar uma mulher de 40 anos já não está à espera de ter uma grande vida sexual, porque não é representada nem se vê a ela própria como uma bomba que vai ter sexo muito bom."

Patrícia Pascoal,excerto da entrevista "Se o sexo deixar de ser bom, quer ficar na mesma?", In Pública, 14/8/2011.

Pelo meio, por causa desta mesma questão, tanta gente (dos dois géneros) à procura do fio de Ariadne para se orientar no labirinto do ser e do parecer.

domingo, 21 de agosto de 2011

O rescaldo dos exames nacionais de português é que “já comessa a irritarme”*

Todos os anos, sobretudo no rescaldo dos resultados exames nacionais de Português e Matemática, surgem nos media as mais variadas teorias, explicações, propostas e até “bitaites”, como assume hoje, numa crónica do DN, o jornalista Paulo Farinha, para defender a inclusão no currículo do ensino básico de um nova disciplina chamada “gramática do engate e da conquista”. Justifica-a, e à sua apelativa designação, dizendo que “se eles não aprendem a escrever correctamente, além de não arranjarem emprego, cada vez terão mais dificuldade em arranjar namorados e namoradas.” Vai mesmo ao ponto de antever que “no futuro seremos alvo de estudos sociológicos por termos uma geração de solteiros que não sabem escrever «amo-te», «sinto a tua falta» ou «faz-me um filho», trocando-os por «amote», «cinto a tua falta» ou «fásme um filho».

Ainda a recuperar da desilusão de ter visto três anos de trabalho duro na escola esfumarem-se em resultados pouco mais do que medianos e do choque de ter corrigido 50 quase indescritíveis provas nacionais de Língua Portuguesa não fiquei indiferente a estes argumentos, claro está. Contudo, eles só fazem sentido para nós que estamos numa faixa etária acima dos 35 (mais coisa, menos coisa) e ainda temos a noção e o instinto do “erro ortográfico”, algo que esta geração desconhece. Muito mais se poderia acrescentar sobre as múltiplas e complexas causas de tudo isto, mas já não tenho paciência e também ninguém está muito interessado, por isso, abrevio a coisa: a partir de Setembro, os alunos do 3º ciclo terão mais meio bloco semanal nos seus horários de Língua Portuguesa, o que somará um total de 90+90+45 minutos.  Digamos que é a versão ministerial do tal módulo de “gramática do engate e da conquista", mas o grande problema continuará a ser idêntico: e os alunos, estão dispostos a trabalhar mais para aproveitar esse tempo extra que lhes é proporcionado? e a escola tem meios, ou melhor, autoridade, para os fazer trabalhar? (não esquecendo aqui, claro, a legitimação dessa mesma autoridade por parte dos próprios pais).

Apenas quero sossegar as angústias do jornalista esclarecendo que esta malta, apesar de escrever como fala, desenrasca-se nos e-mails, no Messenger ou no Facebook tão bem ou melhor que o Zézé Camarinha lá na praia da Rocha com as cámones. E isto porque, do outro lado, o/a destinatário/a dessas mesmas mensagens é alguém exactamente igual em termos de proficiência linguística. Por isso, a triste verdade é esta: na geração que agora realizou os exames nacionais ninguém se apercebe que “do lado de lado de lá do fio da comunicação – mesmo que seja wireless – estava um zero à esquerda em gramática” porque, na verdade, dos dois lados do fio da comunicação há dois zeros à esquerda em gramática.

Nós, ainda escolarizados num tempo em que, apesar de tudo, era necessário trabalhar, estudar e ler alguma coisa, é que sentimos “um arrepio na espinha ao ler um sms ou e-mail mal escrito, oriundo de um potencial candidato a qualquer coisa”. O “potencial candidato” não acha nada porque não tem consciência de que escreve como fala, daí também não sentir necessidade de se (auto)corrigir. Nós é que sentimos necessidade de o corrigir a ele. Aliás, nem é preciso desperdiçar muito tempo no Facebook para perceber até que ponto as novas gerações escrevem com os pés e tratam a gramática a pontapés (demasiado futebol?).

Paulo Farinha remata a sua crónica dizendo que “Entretanto, nem tudo são más notícias: a um mês do início do ano lectivo e com o novo acordo ortográfico prestes a entrar definitivamente em vigor, talvez passemos a fazer vista grossa aos erros, por não termos a certeza do que está certo”. Com esta opinião concordo sem reservas e vou até mais longe: se acreditasse em teorias da conspiração, diria mesmo que esta é a decisão política que faltava para transformar de vez o nosso sistema educativo numa espécie de versão simplificada do caos: depois das flexibilizações da avaliação, da assiduidade, da disciplina e da exigência, a da ortografia. Na verdade, a partir do próximo ano lectivo, o português escreve-se oficialmente como se fala e isso, dizem-nos - a nós, professores - é uma coisa boa, moderna até. Vamos esperar para ver o que nos dizem - a nós, professores - no rescaldo dos exames nacionais dos próximos anos.

 
* Título da crónica publicada por Paulo Farinha no Notícias Magazine (nº 1004, 21/8/2011) e intitulada “Erros de português? Iço já comessa a irritarme”, que pode ler-se aqui.

sábado, 20 de agosto de 2011

Proverbiais e aforísticas

Em Agosto, quando o sol queima e a sombra escalda, resta-nos aguentar até que a noite suba a escada devagar...

Castelo de Vide, Agosto 1991

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Os Aspones e o (des)governo do mundo

Os Aspones (Assessores de Porcaria Nenhuma) são quem, na verdade, governa o(s) Governo(s), ou seja, o Mundo. Assim, aplicando à governação uma espécie de lei de Lavoisier politicamente adaptada, percebemos melhor por que razão,  mesmo com o melhor dos Governos possíveis, nada se resolve e tudo se complica mais ainda.

Embora "negro" é brilhante e do melhor humor que tenho visto nestes últimos tempos. (Ah, e obrigada ao Hotel Babilónia pela sugestão).







Notícias do futuro que vem aí

No passado mês de Junho a Oxfam publicou um relatório inquietante sobre a forma como a utilização e exploração descontrolada dos recursos naturais do planeta, aliada ao agravamento das alterações climáticas, podem vir a determinar as  possibilidades e condições de sobrevivência da população mundial. Mais uma vez a organização  lançou diversos alertas para o perigo cada vez mais real de entrarmos numa fase regressiva do desenvolvimento humano (se é que não estamos já lá). Eis algumas das principais conclusões:

The CGIAR – world-leading group of agricultural research centres for developing countries – has an annual budget of $500m, less than half the $1.2bn spent on R&D by the multinational company Monsanto.

Worldwide support for biofuels costs $20bn a year.

40% of the US corn crop ends up in gas tanks instead of stomachs.

It is estimated that three agribusiness firms – Cargill, Bunge and ADM – control nearly 90% of grain trading between them.

Only 40 cents of every US taxpayer dollar spent on food aid actually goes to buying food. Procuring freighting of US food aid on the open market could help feed an additional 3.2 million people in emergencies.

Between 1983 and 2006, the share of agriculture in aid fell from 20.4% to 3.7%. During this time rich country governments’ support to their own agricultural sectors spiraled to over $250bn a year – 79 times their agricultural aid.

The amount of arable land per head has almost halved since 1960.

Agriculture accounts for up to 30% of worldwide greenhouse gas emissions.

Demand for water will increase by 30% by 2030.

Consumers in rich countries may waste as much as a quarter of the food they buy.

In more than half of industrialized countries, 50% or more of the population is overweight.

80% of recent land investments remain undeveloped.

Providing women farmers with the same access to resources as men could increase their yields by 20–30%.

4 people in every 5 lack access to social protection of any kind.
 
In 2010, only 63% of UN emergency appeals were funded.
 
É por tudo isto que a Oxfam prevê que os preços dos bens alimentares essenciais dupliquem nos próximos vinte anos:

 
Se associarmos a isto a recessão económica global (que tem vindo a agravar-se e está já a contaminar os próprios países-motores da economia global) e a subida brutal do preço dos combustíveis fósseis não é difícil adivinhar o que poderá vir a acontecer.
 
Perante a dimensão deste cenário, até as poucas boas notícias parecem insignificantes:
 
Viet Nam achieved the first Millennium Goal – to halve hunger – five years ahead of schedule.

In 2009 the USA and Europe added more power capacity from renewables like wind and solar than from conventional sources like coal, gas and nuclear.

In 2009 Apple and Nike publicly left the US Chamber of Commerce in protest against its refusal to back US climate legislation.

Hunger fell by one-third in Brazil between 2000 and 2007.

In ‘Growing a Better Future:Food justice in a resource constrained world’ (o relatório integral pode ler-se aqui).

As propostas da Oxfam para tentar prevenir e minorar as consequências passam por políticas e tomadas de decisão globais:
  • Criação de um fundo financeiro global para ajudar os países em vias de desenvolvimento a adaptar-se às alterações climáticas;
  • Regulamentação da especulação financeira;
  • Acabar com a utilização de alimentos para a produção de biodiesel;
  • Incentivar a produção agrícola de pequena dimensão, ecológica e financeiramente sustentáve;

  • Apostar na protecção social dos mais vulneráveis (não deixa de ser irónico pensar que, em Portugal, está a fazer-se exactamente o contrário em nome da crise global), na redução dos riscos devastadores dos grandes desastres naturais e dos efeitos da mudança climática, na criação de empregos, na criação de reservas alimentares; na eliminação dos subsídios agrícolas que distorcem e condicionam o comércio de bens e produtos essenciais.
Medidas globais que os países ricos, sempre ciosos do seu poderio político e até militar e da sua influência económica, rejeitam até ao limite ou então aplicam de forma displicente (veja-se a este propósito o que tem acontecido com os protocolos de combate às mudanças climáticas).

Outra coisa curiosa é o conveniente silêncio gerado à volta deste tipo de documentos: todos discutem a crise económica e financeira, opina-se continuamente nos media sobre as soluções para a ultrapassar, cria-se um ruído comunicacional ensurdecedor em que às tantas já ninguém percebe muito bem o que está realmente a acontecer (e, se calhar, é mesmo isso que interessa). 

Da fome real sofrida por milhões de pessoas em todo o mundo é que continua a não se falar muito. De certa forma ela é ainda um tema-tabu nos países ditos "desenvolvidos", a tal ponto que, por vezes, até parece uma "conspiração consentida de silêncio", como claramente explicava Josué de Castro em Geopolítica da Fome (Brasília Editora,1974, 2ª ed.).

É por tudo isto que esta reportagem da SIC, exibida en maio passado, dá ainda mais que pensar:



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"A revolução não será televisionada"

porque será "live", proclamava Gil Scott-Heron no álbum Small Talk at 125th and Lenox. Se pensarmos na verdadeira revolução - a das mentalidades - que  acontece de mansinho dentro das cabeças das pessoas assim é, de facto. O que ele não podia adivinhar em 1970 é que um dia existiria o Twitter, o Facebook e muitos milhões de BlackBerry's. Afinal, a revolução pode bem ser "live", mas a involução também, como se viu em Londres há bem pouco tempo. Seja como for, esta tem lugar assegurado e merecido na história da música.

Minha cabeça estremece com todo o esquecimento

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Agosto: 37°2 le matin

Curar a melancolia

Em 1820, o clérigo Sydney Smith escreveu a Lady Georgiana Morpeth esta curiosa carta cheia de bons, práticos e praticáveis conselhos - vinte ao todo -  para lutar contra a melancolia e, supostamente, vencer.

Dear Lady Georgiana,

Nobody has suffered more from low spirits than I have done – so I feel for you.
1st. Live as well as you dare.
2nd. Go into the shower-bath with a small quantity of water at a temperature low enough to give you a slight sensation of cold, 75º or 80º. 
3rd. Amusing books.
4th. Short view of human life – not further than dinner or tea.
5th. Be as busy as you can.
6th. See as much as you can of those friends who respect and like you.
7th. And of those acquaintances who amuse you.
8th. Make no secret of low spirits to your friends, but talk of them freely – they are always worse for dignified concealment.
9th. Attend to the effects tea and coffee have upon you.
10th. Compare your lot with that of other people.
11th Don’t expect too much from human life – a sorry business at the best.
12th. Avoid poetry, dramatic representations (except comedy), music, serious novels, melancholy, sentimental people, and everything likely to excite feeling or emotion, not ending in active benevolence.
13th. Do good, and endeavour to please everybody of every degree.
14th. Be as much as you can in the open air without fatigue.
15th. Make the room where you commonly sit gay and pleasant.
16th. Struggle by little and little against idleness.
17th. Don’t be too severe upon yourself, or underrate yourself, but do yourself justice.
18th. Keep good blazing fires.
19th. Be firm and constant in the exercise of rational religion.
20th. Believe me, dear Lady Georgiana,

Very truly yours, 

SYDNEY SMITH, In Hesketh Pearson, The Smith of Smiths, Hogarth Press, London, 1984. p.164.

Estão entre um hedonismo comedido e o mais óbvio bom senso, embora alguns possam hoje estar um tanto marcados pelo espírito do tempo, como é o caso do 2º, do 9º ou do 19º.

A meu ver esta listagem só peca por algum excesso de frugalidade, compreensível tendo em conta a época em questão e a condição social das personagens envolvidas. E faltou um que, a meu ver é fundamental: o poder curativo de partilhar um prato de boa comida (apetitosa, saborosa e reconfortante) e um  copo de bom vinho com uma companhia agradável, no qual incluo também o prazer da sua preparação, essa alquimia dos cheiros, sabores e texturas que, aliada à capacidade inventiva e à gratificante antecipação do resultado final, é capaz de produzir curas quase miraculosas. Aliás, a própria Miss Dahl, a certa altura, faz esse mesmo reparo. Mais do que poder curativo da comida, poderá até falar-se em verdadeiro antídoto para a melancolia e não só.

E é disso que fala a luminosa Sophie Dahl num programa em que algumas receitas são, no mínimo, um pouco estranhas (neste domínio a Nigella é imbatível), mas em que o brilho sorridente do olhar (embora por alguma estranha razão poucas vezes olhe na direcção da câmara e na nossa também), a beleza acolhedora do cenário, a excelente mistura da comida com os livros (ou não fosse ela neta de Roald Dahl) constituem uma surpresa agradável, no sentido literal da palavra.  É uma espécie de itinerário de fantasia através da nostalgia das coisas boas que nos iluminam o pensamento, quando mais necessitamos de o fazer para "curar" a tal melancolia ou, pelo menos, amaciar-lhe as ásperas arestas: a infância, a família, os amigos, as viagens, os momentos marcantes.

E de  repente, num programa de televisão visto por acaso numa tarde de Agosto, "curar" a melancolia parece não apenas ser possível, como até fácil, ou seja, a silly season ganhou novos e mais alegres contornos. Ao menos isso.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Um piano que range, ruge, fala, canta, dança, corre, rodopia, desarruma ideias feitas

Uma bola de gelado que cresceu, cresceu, cresceu

até se tornar  num dos melhores momentos silly da temporada. A tal ponto que já chegou até aos jornais, também eles muito adeptos da silly season, como sabemos.

Tudo começou com um inocente e-mail enviado a toda a gente na Universidade do Minho, convidando para uma prova de gelados e tudo estaria perfeito não fosse redigido por uma mestranda(?) de Biologia e não contivesse um valente pontapé na gramática, ou melhor, vários. De de tal forma que originou uma cascata de mensagens em que, às tantas, damos connosco a pensar que lá Braga o pessoal não deve ter muito que fazer. 

"De: MCCC
iada: seg 04-07-2011 18:32
Para: UM Alunos; Todos – Arquitectura; ecum-todos; ecs-todos; direito-todos; EEG – Todos; eng-todos; psi-todos; ESE – Todos; ics-todos; ie-todos; ilch-todos
Assunto: Prova de Gelados no departamento de Biologia!!!

Boa tarde a todos,
o meu nome é “CC”, sou aluna de Mestrado no departamento de Biologia, e na sequência do meu trabalho de tese que consiste em desenvolver gelados funcionais (com sabores diferentes dos que estamos habituados) chegamos a um ponto onde a vossa opinião não só é importante mas indispensável!!!.
Assim gostaria de pedir a quem gosta de gelados e esta na disposição de provar e avaliar os nossos, se voluntariá-se a participar nas provas que se irão realizar nos dias:
(…)
os voluntários podem escolher qualquer dos dias e no horario que lhe dê mais jeito, peço no entanto que me mandem um email a confirmar qual o dia e qual a hora.
A todos muito obrigada,
Atenciosamente
CC

A qual obteve a resposta dum (julgo eu) docente do Departamento de Sociologia (Instituto de Ciências da Saúde):

Enviada: ter 05-07-2011 10:53
Assunto: RE: Prova de Gelados no departamento de Biologia!!!
Cara Drª CC:
Uma vez que se dirigiu a “todos”, tomo a liberdade de lhe fazer um pequeno comentário com o conhecimento de todos. Certamente já reparou no português que usou na mensagem de convite, reproduzida abaixo. Todos nós temos erros e distracções mas, por uma questão de brio académico, julgo que deveria corrigir a redacção do convite que, gentilmente, fez à comunidade académica (e que agradeço).
Cumprimentos do seu colega académico,
JC,
Deptº Sociologia, ICS/UM.

Entretanto a presidente do Instituto de Educação e Psicologia resolve intervir:

Caro Doutor JC
Os erros não se “têm”, “cometem-se”.
Cumprimentos,
HO

e obteve a seguinte resposta do “infrator”:


Cara Senhora:
Agradeço o preciosismo da correcção.
Cumprimentos.
JC.

Para juntar à “festa”, um docente do Departamento de Sistemas de Informação resolve também dar a sua opinião e reparo:

E escreve-se “Português”.
Saudações académicas,
MC

Entretanto, o docente do Dept. Sociologia, ofendido com a situação, retorquiu:

Caro colega:
Já percebi o tom que o diálogo está a tomar. Julgo que ficarei por aqui.
Já agora, se me permite: tenho dúvidas quanto ao seu último reparo, sobre “português” dever ser escrito normativamente com maiúscula inicial. Mas não me parece ser esse agora uma polémica a desenvolver (e haverá gente mais qualificada para isso do que eu).
Renovo os meus cumprimentos.
JC.

Tendo isto em conta, um colega do departamento da anfitriã da prova de gelados defende esta última:

E, mantendo a concordância, dever-se-á escrever “ser essa agora uma polémica”.
Melhores cumprimentos,
DS

A discussão entretanto chega ao departamento de Física, que contribuiu com os seguintes pedidos:

Já chega………………….entopem a caixa de mail com futilidades
Já chega de entupir a caixa de email com futilidades………….. por favor.

O Departamento de Psicologia resolve novamente intervir:

Caros colegas,
Lamentei ter visto um reparo público ao que uma aluna escreveu. As correcções são sempre importantes em qualquer fase académica, mas só são úteis a quem comete o “erro”, pelo que a mensagem, que seria tão importante, deveria ter sido destinada só à aluna. Parece-me absolutamente desnecessário que esta chamada de atenção e “lição” tenha sido feita “em praça pública”. Como aluna que fui nesta academia, e serei a vida toda, compreendo o desconforto que poderá ter sentido. Assumindo que é um reparo importante e que foi feito com intenção de ajudar e ensinar, é de minha opinião que deveria ser dirigido a esta aluna um pedido de desculpa pessoal, pela forma como foi feito (não pelo conteúdo), pela exposição pública de uma falha que todos teremos.
Correndo o risco de ter cometido numerosos erros ao longo do texto,
os meus cumprimentos a todos,
EC, PhD
Universidade do Minho
Braga, Portugal

O docente do Dept. de Sociologia entretanto, provavelmente arrependido com a proporção que o assunto começa a tomar, resolve acabar com o “problema”:

Caros colegas:
Comunico a todos que enviei um pedido de desculpas à Drª CC por ter feito em público uma observação à redacção de um convite que dirigiu à comunidade académica. Agi por impulso – apesar de o erro no convite ter sido público, reconheço que deveria, em primeiro lugar, tê-lo comunicado à Drª CC.
Espero que, com estas palavras, termine uma polémica que derivou para um azedume desagradável.
Cumprimentos.
JC.

Mas como o “mal já está feito, não há remédio”, alguém do Dept. de Electrónica Industrial fica indignado…

Há gelados de morango?

Posto isto, mal julgou o Presidente do Conselho Pedagógico e Vice-Presidente do Instituto de Ciências Sociais e também Professor do Departamento de Sociologia da Universidade do Minho:

Caros colegas,
Congratulo-me pelo encerramento desta questão polémica, devidamente selado por quem a iniciou e de forma que fica bem a um académico. Embora prezando a liberdade de expressão e não me perturbem, mais intervenções sobre este assunto parecem-me escusadas. Não deixa, todavia, de ser mais um caso exemplar em que uma “causa pequena” tende a tornar-se grande, enquanto outras “causas grandes” nem chegam a tornar-se pequenas. Deveríamos reflectir sobre este contra-senso.
Cordiais saudações
CVV

Entretanto, a resposta à questão da existência de gelados de morango chega do Dept. de Eng. Civil:

Eu acho que Há, mas um colega meu diz que os mais saborosos são de cerejas e bananas

O Departamento de Sistemas de Informação julga conseguir pôr um ponto final na situação:

Boa tarde,
Antes de começar queria agradecer à colega CC pelo convite que foi feito a toda a comunidade académica e penso que é uma experiência interessante.
Agora referindo-me ao alerta levantado pelo Dr AC, acho que não era necessário levantar a falta do brio académico pois, estando a colega dirigindo a toda a comunidade académica, sendo que a maior fatia deste conjunto é constituída por alunos logo a maioria das pessoas que recebeu o email não se importou a informalidade empregue no convite. Claro que há erros ortográficos, mas erros todos cometem. Agora penso que põe em causa a seriedade do trabalho que a colega fez quando fala em “brio académico”, pois como já referia acima, a maioria dos dos destinatários deste convite foram alunos.
Cumprimentos,
TMSM
A contribuição do Departamento de Estudos Integrados de Literacia que finalmente se pronuncia sobre a discussão:

Colegas,
Entretenham-se que o Passos Coelho gosta é mesmo disto, ou seja, que andemos entretidos com estas brincadeiras (ai, se não fosse o corrector ortográfico do meu computador, já ia escrever brincadeiras com um v, pois como sabem sou de Vraga, e a malta daqui carrega nos Vs) e que esqueçamos rapidamente que ele se esqueceu do que prometeu, ainda não passou um mês: que não aumentava impostos (esta treta da rima na prosa…se a minha professora do 2º Ciclo souber que estou a escrever assim, ainda me chumba retroactivamente). Sublinho que prometeu que não aumentava impostos e já anunciou que nos irá ao bolso retirar (não sei como se devia escrever este acto, roubar será muito forte?) metade do que sobra do subsídio de Natal, após ter sido retirado o salário mínimo. Claro que eu sei que ele sabe que nós já sabemos que a culpa é do Ex Primeiro Ministro José Sócrates, que manipulou as contas e ocultou o deficit. É tão velhinha essa estratégia que até dói, ainda mais, quando sabemos que ele já sabia antes das eleições o estado do país. Então não andou aqui uma troika famosíssima a estudar o estado do país. E o Presidente da República um eminente macro-economista, também ignorava as contas? O que devíamos estar a discutir, talvez não neste canal (e por isso peço desculpa uma vez mais aos colegas que estão fartos de me aturar) eram coisas sérias, como esta. A legitimidade de quem nos governa. A lógica das mediadas que são tomadas (por exemplo, espero que esta borla dos gelados seja tributada à taxa de 6% tal qual a Coca Cola que é um bem de primeira necessidade). Este exemplo (IVA da Coca Cola a 6%) ilustra a preocupação social de quem tem tomado medidas económicas a bem do povo português (desculpem, americano). Em resumo, obrigado pelo convite e pela imaginação. Espero que os gelados tenham sucesso e que ajudem o país a sair da crise, mas espero que os colegas mais velhos não inventem desculpas para não intervirem sobre o que é relevante. Afinal uma Universidade deve ser interventiva, e nós estamos pacatamente a assistir à destruição da classe media e agora com o novo ministro, do aluno médio, e estamos a discutir erros ortográfico num convite que nos é formulado. É como cuspir no prato. “E já diz o povo a cavalo dado não se olha ao dente”.
Discutamos o essencial e não se/nos distraiam com o que é acessório.
Afinal é para isso que temos Catedráticos, Associados, Auxiliares, etc, etc, na Universidade provavelmente bem pagos, senão já tinham protestado por esta ignomínia. Temos obrigação de criticar e de dar sugestões sobre o que está mal em todos os domínios do saber. E a economia e governação do país é um dos mais importantes.
Obrigado pelo convite e vou ver se tenho apetite para os gelados. Se soubesse alguma coisa de culinária ainda dava umas dicas, mas mesmo assim atrevo-me a sugerir que coloquem chocolate q.b. num deles. E já agora façam outro à base de chá! Mais a sério e que tem que ver com o tema, façam um com um pouco de inteligência, adicionem-lhe comprometimento, trabalho, honestidade, competência, e teremos um gelado para nutrir políticos pelo menos no verão.
Abraços.
P

O Departamento de Biologia entretanto considera inadmissível a contribuição anterior:

Peço desculpa pela mensagem mas acho que deviam interromper esta discussão inútil.
Estou farta de ver o meu email cheio destas mensagens. Acho uma falta de consideração pelos “colegas” que estão a trabalhar. Enquanto foi o “gelado” ainda passa. Mas o que incomoda verdadeiramente é usar este canal de informação para comentários políticos.
Deixem-me trabalhar!
MJV
Prof. Associada c/ Agregação

Com isto tudo, o Departamento de Física já se encontra desesperado…

Parem por favor..
Saudações
PC
Pos-Doc.

Entretanto, alguém a tirar uma Pós-Graduação:

Caríssima Dra. E,
Sábias palavras!
Os erros da colega, se existiram ou não, são absolutamente perdoáveis e em hipótese alguma autorizam um ato de humilhação pública. Portanto, entendo também que um pedido de desculpas PÚBLICO seria o mínimo a ser oferecido à colega, até por educação.
Também correndo o risco de ter cometido infinitos erros ao longo do texto,
Meus melhores cumprimentos a todos,
DLN – MSc, MBA
Universidade do Minho
Braga, Portugal

O Dept. de Medicina não podia ficar calado…

Gostaria só de agradecer a todos por me ensinarem a utilizar a gramática portuguesa e de dizer que eu gosto de maçãs.
Saudações académicas.
——————————–
PMLS
Mestrado Integrado no Curso de Medicina
Escola de Ciências da Saúde
Universidade do Minho

O MIECOM(DSI) também precisa de dizer algo…

Bom dia,
Caríssimo Dr. JC, já que decidiu abrir a caixa de Pandora da ortografia venho relembrá-lo que, estando em vigor o novo acordo ortográfico devemos escrever “distrações” e não “distracções”, assim como “redação” e não “redacção”.
Ficamos então com a certeza de que devemos ponderar, sempre que decidimos criticar em público, principalmente quando se trata, basicamente, ‘de nada’.
Sem mais nada a acrescentar e com todo o brio académico, os melhores cumprimentos,
PAMA (*Num. Aluno Escondido*)
1º Ano MIECOM – Universidade do Minho

Depois disto tudo, eis as contribuições de alguns alunos:

Aposto que metade dos que estão para aqui a mandar emails nem foram votar na eleição do novo governo, agora estão aqui a discutir o “Bom Português”. Se quiserem reaprender o português levantem-se mais cedo da cama e vejam o Bom Dia Portugal na RTP ou Cuidado com a Lingua também na RTP.
GR
P.S. : Obrigado por deixarem a caixa de correio cheia de nada.
VÃO DEMORAR A ACABAR COM ESTA PALHAÇADA?
Como aluno da UM e pagador de propinas, e tendo-as todas em dia, penso eu ter o direito a falar!
Quando as pessoas não arranjam nada para fazer, não se fica em frente a um pc. Vai-se até ao café, convive-se, vai-se a praia, etc etc!
Há pessoas, como eu, que usam o email para fins que não são o SPAM! Penso que já todos os emails INÚTEIS que recebemos diariamente chegam, não precisamos de mais!
Sinceramente acho que devia haver um controlo mais apertado nos emails, e pessoas que não saibam para que serve um email não devia ter direito a usa-lo até aprenderem!
Podem ler um pouco mais sobre SPAM aqui ( http://en.wikipedia.org/wiki/E-mail_spam ) já que parece não terem o conceito em dia!
Tenho ainda a acrescentar, com a maior das sinceridades e talvez com um sentimento um pouco de revolta por tanto SPAM, que os alunos neste momento estão em exames, que por acaso é o meu caso, e como tal temos pouco tempo para andar a provar gelados. Como tal era bom que o SPAM acabasse.
Agora já que como docentes (penso eu) não se respeitem, respeitem ao menos os alunos!
Cumprimentos,
A

Boa tarde.
Não posso deixar de enviar este e-mail, uma vez que parece que toda a Academia o está a fazer.
Na realidade não tenho nada a acrescentar ao que já foi dito, mas pensando bem, também nenhum dos que enviaram e-mails tinham, por isso não tenho peso algum na consciência.
Se porventura – ao esmiuçarem este e-mail – encontrarem algum erro ortográfico, asseguro-vos que foi absolutamente intencional!
Sem mais de momento, vou comer um gelado da Olá!
Os senhores que começaram esta discussão deviam pedir desculpa a todos e acabar de vez com esta discussão! Mais: quem a começou em primeira instância mostrou que não tem mais nada para fazer que não seja ver emails e criar confusões pois todos nesta comunidade académica tem algo para estudar/defender/investigar e este canal (que muito útil é) serve para uma comunicação interna rápida e sem demoras, não como fórum de política ou ortografia.
Espero que seja cessado a partir deste momento esta discussão da qual não quero fazer parte mas que me está a incomodar pois a Sra só pediu a participação num estudo.
Deixem de ser mesquinhos e preocupem-se em dignificar o nome da nossa Academia, onde o projecto/estudo dos gelados vai de certeza contribuir para tal.
Saudações Académicas
DPPS

Acho esta situação no mínimo lamentável e degradante para uma instituição académica.
Como um orgulhoso antigo aluno da UM, gosto de me manter informado sobre as notícias que a esta universidade dizem respeito. No entanto, cada vez mais este meio de comunicação privilegiado tem vindo a encher-se de mails e informações completamente irrelevantes para o meio académico, desde questões e opiniões pessoais a informações que só dizem respeito a pequenos grupos, como jantares de cursos. Apenas a mensagem original da colega Drª MCCC foi de interesse académico, sendo as restantes apenas mensagens sem interesse e sem qualquer carácter construtivo.
Já durante a frequência do meu mestrado pensei seriamente em considerar SPAM o mail académico, e este pensamento foi partilhado por vários colegas do departamento, o que deveria ser considerado grave.
Por isto, envio esta mensagem com o intuito de pedir bom senso no uso deste meio de comunicação e também aproveitar para sugerir algum meio de controle no seu uso, de forma a evitar estas situações.
Cumprimentos.

Boa tarde:
Sempre há gelados ou não?
Saudações

Boa tarde,
Antes de mais, agradeço à colega pelo convite.
Agora indo diretamente à questão, podem parar de entupir os e-mails académicos de TODOS com mensagens de pouca importância? As pessoas cometem erros, não são coisas feitas de propósito. Parem com a circulação de e-mails inúteis, porque se somos sempre picuinhas então tinhamos de corrigir e-mails a muita gente. Deixem as pessoas trabalharem em paz.
Obrigada pela atenção e desculpem pelo envio de mais um e-mail.
Com os meus melhores cumprimentos,
AA, 2º ano, NI

Entretanto, alguém já com medo de cometer o erro capital nesta instituição de cometer algum erro ortográfico, tem o cuidado expresso em deixar isso bem explícito:

Boa tarde a todos!!
Estou a enviar este mail pois 3 amigos meus estão a participar num concurso de vídeo do banco Santander Totta e pretendo ajuda-los a divulgar o trabalho.
O vídeo deles foi realizado para descrever o seu trabalho e participação no FisicUM 2011 promovido pelo departamento de Física da UM.
Desta forma peço-lhes que vejam a votem no vídeo caso gostem. Podem fazê-lo acedendo a este link: http://www.conteconnosco.com/trabalho-detalhe.php?id=662
Basta fazerem login como Facebook (no canto superior direito da página)e depois clicar em VOTAR por baixo da foto. (...)
Agradeço desde já a todos que possam ajudar e peço desculpas por qualquer erro de português!

Entretanto, vários alunos aproveitam a “embalagem” para tirar algumas dúvidas sobre o assunto em epígrafe:

Adorei a discussão sobre a Língua Portuguesa, era mesmo isso que necessitava para apimentar o meu dia.
Além da minha critica à discussão, vou deixar uma pergunta: Já ha algum feedback sobre os gelados? São bons?
Sem nada a acrescentar.
RS

Até que alguém com problemas nos acentos:

Ol a todos,
Antes de mais gostaria de chamar a ateno de todos para os 19 que se sentem na cidade de Braga com uma humidade de 64%. Como sempre espera-nos um torrido Agosto, por isto acredito que no estamos propriamente numa altura propcia a rejeitar sem pensar um convite para tomar uma bebida fresca.
Aceito e agradeo desde j o convite feito pela C a toda a comunidade acadmica, independentemente de a sua mensagem ter erros ortogrficos. Acho at que a ideia da C muito mais do que um simples convite ou tema de investigao, proporcionar toda uma experincia que nos remete nossa infncia quando era aceite dar alguns erros ortogrficos e o que me parece mais importante: comer gelados at ter a lngua entorpecida.
Conceio aparece como D. Sebastio vestido de senhor dos gelados no ms quente. E parece-me muito errado tentar abafar este grande momento para podermos comer gelados sem parar e sem pagar com questes ortogrficas.
Proponho ainda se quiserem continuar esta thread de emails para que se discuta a partir de agora os sabores dos gelados ou se existe a possibilidade de haver coberturas nos respectivos.
Saudaes acadmicas,
UAC

E depois, alguém que pretende partilhar os seus gostos também pretende deixar a sua opinião:

Sem querer encher os vossos mails de futilidades, vejo-me obrigado a dizer que também gosto de maças e possuo um carinho extra por arroz.
Sem mais,
saudações cheias de respeito pelo nosso “Português”
AC

E porque a vida está difícil para todos…

Saudações,
Gostaria de saber se por acaso não será possível trazer um pouco de gelado num tupperaware para que a minha família possa deliciar-se com tal petisco.
Sem mais assunto
MP

Para pôr um ponto final no caso, o Dept. de Psicologia responde já com pouca paciência…

Realmente há um basta para tudo por isso seria de bom tom manter as conversas privadas e retirar os destinatários gerais das várias escolas pois existe quem não queira recebê-los e tenha esse direito de não os receber durante o horário de trabalho. Que saudades do tempo em que as mensagens na UM eram moderadas.
Aprendam a utilizar o email ou então façam cursos de correio eletrónico para principiantes…. Pois é assim que se espalha o SPAM
Com os melhores cumprimentos
LM
Assistente Técnico
Universidade do Minho
Escola de Psicologia
Campus de Gualtar
4710 – 057 Braga

A discussão acaba por aqui:

Já paravam com o spam.
pão e circo

Agora é Sábado, dia 9 e são 00:14. Tenho que me despachar porque vou jogar Poker. A última mensagem deste tema foi às 17:56 do dia 8…
No entanto, estou em atualizações…"

(É caso para dizer: o que é o wikileaks comparado com isto?
Nota: Copiado assim mesmo de http://www.yaroze.org/?p=203 com os meus agradecimentos pelas sonoras gargalhadas que me proporcionou.