sexta-feira, 5 de setembro de 2014

As cinquenta dores de corno de Valérie e os dentes podres de Hollande

De modo discreto, certamente para impedir alguma providência cautelar por parte do ex, Valérie Trierweiler largou nos escaparates um objeto - chamar-lhe livro é capaz de ser perigoso para a verdadeira literatura - que mais não é do que o refluxo gástrico de uma indigestão - aliás plenamente assumida, faça-se-lhe justiça por isso -, que coloca na sombra as "Cinquenta sombras de Grey" de E. L. James. 

No twitter não tardaram a surgir imagens com excertos daquilo a que na minha terra se costuma chamar uma boa "lavagem de roupa suja", num estilo de escrita conforme ao conteúdo, como convém.

Imagem retirada do Twitter

E, à catadupa dos aspectos mais sórdidos, segue-se agora a contra-sequência dos excertos elogiosos, como este retirado do L'Express, ou não houvesse bons assessores de imagem no palácio do Eliseu, nos quais a imagem de vingadora-rotweiller da senhora sai um bocadinho amachucada. Parece até que, das duas uma: ou, na sua juventude, a senhora leu demasiados romances de amor ao melhor estilo "Biblioteca das Moças", de que a França tem longa tradição, ou então anda a praticar umas coisinhas novas no "quarto vermelho da dor" para ver se reconquista o Hollande, que é capaz de já andar um bocado farto de croissants...



Ridículos e podres à parte, e mesmo a 20 euros, certo é que o livro vai vender-se como milho porque se há coisa que o povinho gosta é de espreitar alcovas pelo buraco da fechadura e aqui a porta está escancarada. Será um "best seller" pelas piores razões.

Parece-me que a traição Hollande - coisa, enfim, tão banal - se tornou afinal o grande erro da sua vida: perdeu uma companheira e cúmplice verdadeiramente à sua altura política, a qual, como se sabe, não é muita e a história dos "sans dents" (ler aqui) é disso um excelente exemplo. Agora, vai ter que dar mais voltas à cabeça para descobrir a chamada "saída airosa". Sim, que a França diz-se agora "chocada", mas todos sabemos como nestas coisas de políticos e de política a memória do povo é fraquinha, fraquinha...

De qualquer forma, Trierweiler fecha a silly season com chave de ouro. O pessoal tem entretenimento que chegue para uns tempos e os políticos, incluindo o Hollande e a sua pandilha, agradecem, reconhecidos, a folga.

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