segunda-feira, 19 de setembro de 2016
(des)apontamentos: ser vs. estar
Além de um sentido de humor muito peculiar, no meu amigo Mário sobressai uma visão inconveniente sobre o género feminino, incómoda sobretudo por ser tão desapiedada. Das mulheres - colegas de profissão - que se mostram mais intransigentes com o seu laxismo empedernido várias vezes lhe ouvi dizer que eram "mal-fodidas".
Ouvi e nunca esqueci porque, para mim, sempre foi "fodido" perceber como a sua grosseria era, afinal, tão certeira. Instinto de macho experiente que cheira o odor da frustração à distância e sabe bem demais como ela envenena lentamente os dias todos. Nunca lho disse, mas cá bem no fundo sempre admirei esta sua perspicácia impertinente.
Ouvi e nunca esqueci porque, para mim, sempre foi "fodido" perceber como a sua grosseria era, afinal, tão certeira. Instinto de macho experiente que cheira o odor da frustração à distância e sabe bem demais como ela envenena lentamente os dias todos. Nunca lho disse, mas cá bem no fundo sempre admirei esta sua perspicácia impertinente.
Tenho pensado bastante nisto ultimamente e quando o encontrar por aí gostaria até de discutir com ele a possibilidade de incluir uma nova categoria nesta sua cosmovisão do feminino: a categoria das mulheres "não-fodidas". Aquelas "são fodidas" porque picam os miolos a toda a gente, enquanto estas "estão fodidas" porque, pensando bem, picam é os próprios miolos na vã tentativa de perceber o que terão feito de errado ou onde terão falhado. Entre este "ser" e este "estar" existe todo um tratado ontológico sobre o qual, amigo Mário, ainda um dia havemos de trocar umas ideias...
domingo, 18 de setembro de 2016
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
apontamentos
Prelúdio
Sines, noite de verão: brisa morna, cheiros intensos, misturados, jogos de luz e de sombra nas ruas estreitas e sinuosas por onde flui um rio caótico e eufórico de corpos movediços, de riso fácil, embriagados de música e de liberdade, espécie de ritual pagão e quase mágico, como só as noites de julho podem e sabem ser.
Sines, noite de verão: brisa morna, cheiros intensos, misturados, jogos de luz e de sombra nas ruas estreitas e sinuosas por onde flui um rio caótico e eufórico de corpos movediços, de riso fácil, embriagados de música e de liberdade, espécie de ritual pagão e quase mágico, como só as noites de julho podem e sabem ser.
Interlúdio
26 de julho de 2014: a música quente de Fatoumata Diawara e Roberto Fonseca incendeia a noite do FMM.
Foi isto há dois anos e dois meses. 781 dias contados um a um pelo meu corpo ainda acordado, ainda incrédulo, ainda à espera...
Há 781 dias que dura este mutismo desconsolado. E há 781 dias que te quero dizer isto, que preciso dizer-te isto, porque há 781 dias que não consigo entender. Há 781 dias que te quero perguntar o que aconteceu, que te aconteceu? que nos aconteceu? Há 781 dias que te quero perguntar isto, mas não consigo.
E há 781 dias que o meu corpo está silencioso, estranhamente silencioso.
E há 781 dias que o meu corpo está silencioso, estranhamente silencioso.
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
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