Évora: 23/6/2013 |
na confluência dos vinhedos
há agora um canto exasperado de cigarras
que reverbera no azul campaniforme da tarde,
mas isso pouco ou nada me diz do Verão
os jacarandás que rodeiam a praça
lançam já ao vento da tarde o seu grito azul
e a ondulação uniforme das searas
ganhou um tom de palha,
mas isso também pouco ou nada me diz do Verão
para mim
é no intenso odor que as figueiras exalam
é no intenso odor que as figueiras exalam
sob o sol de junho
e na textura cada vez mais suave
das inflorescências que prometem
a doçura carnuda dos sicónios
que está contido por inteiro o Verão
por isso
só quando, ao início de uma inesperada manhã,
só quando, ao início de uma inesperada manhã,
o fogo de artifício de um figo apanhado ao acaso
explodir no céu da boca, poderei dizer ao mundo
sem medo de errar
sem medo de errar
que o Verão está maduro
e se pode colher com sofreguidão
e se pode colher com sofreguidão
1 comentário:
BOM regresso
parabéns
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