Auguste Rodin: L'éternelle idole, 1893 |
entra devagar no centro do fogo
guarda para dias mais trémulos e inseguros
as perguntas os medos a dor
que sobra sempre do desejo
entra como quem morre no centro do fogo
e bebe a cinza
que desenha os contornos da cama
onde os joelhos se despem do frio
que os prende à terra
entra como quem arde no centro do fogo
e deita na água do meu corpo
as sementes acesas no tempo
que por única herança
terás de mim
entra devagar no centro do fogo
e
lavra-me
Alice Vieira, in Dois corpos tombando na água,
Lx: Ed. Caminho, 2007
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