no corpo das árvores

 

uma parte do meu ser
vive
no corpo sentido das árvores

(a melhor parte)

Elixir da eterna juventude

Monchique

no fastio do estio

o desvario do verde

e um certo sorriso

nas pedras

Caldas de Monchique: 27/8/2013

é o teu corpo uma estrada

Michelangelo: David (pormenor); 1504

é o teu corpo uma estrada
sem marcação, sinuosa,
às vezes sombria, 
mas outras,
tão luminosa

é o teu corpo uma estrada
asfaltada a pele que descubro
palmo a palmo:
a curva adormecida da tua perna,
que antecede a subida em recta
das tuas coxas e, 
na exacta confluência delas,
a ligeira depressão do teu colo,
onde me adentro e onde,
por vezes, me estranho...

é o teu corpo uma estrada
de alforria para o centro de mim,
um espaço-tempo entre antes e depois,
sem inversão de marcha

sim,
aqui, agora,
é o teu corpo a minha estrada
para o sul

This little bird

Ainda a paisagem, de passagem - I

N4 - Elvas: 25/8/2013

de tarde

Evoramonte: 15/1/2013

pela fresta da ramagem
o sol espreita a sesta
voluptuosa
e tornada festa
sobre a folhagem

Frases de cabeceira - 30

Évora: 21/8/2013

Isto

Frases de cabeceira - 29

Coisas que me abespinham, encanitam e irritam - XIV

Ora cá estão eles em acção: os cidadões. E não, não há qualquer problema com a ortografia. É em -ões mesmo.

Elvas: 18/8/2013

É que um carro estacionado - ainda que seja num parque subterrâneo e pago -, mas com o vidro traseiro coberto de pó, faz-lhes muita impressão e não conseguem passar por ele sem deixar logo um "recado" ao proprietário. 

No entanto, tenho cá para mim que devem ser precisamente  os mesmos cidadões que saem de casa com o saquinho do lixo muito bem atado, passam em frente dos contentores, mas só param quando chegam a um sítio isolado para então o depositar com mil cuidados a fim de que, com o tempo, o lixo se disperse pela berma da estrada. Ou mesmo os que se dão ao trabalho de carregar o electrodoméstico avariado - de preferência um de grande porte, tipo frigorífico ou máquina de lavar roupa - para o sítio mais ermo e improvável que conseguirem encontrar para aí o depositarem. E os mesmos que vão pela rua atirando para o chão tudo quanto é papel, garrafa, lata, pacote, saco, escarro, beata, etc, etc. 

Ou talvez até aqueles que, na saída para as férias, atiram com o animal de estimação - cão ou gato - pelo janela do carro fora, ao mesmo tempo que carregam a fundo no acelerador dizendo: não faz mal, quando voltarmos arranjamos outro... Ou mesmo dos que levam os familiares idosos e dependentes às urgências hospitalares e depois se esquecem de os ir lá buscar: ai, mas que cabeça a minha...

E também não tenho quaisquer dúvidas de que o carrinho destes cidadões deve andar um mimo de limpeza e polimento... Haja mas é pachorra para aguentar tanto civismo!

Se não for isto, é algo muito parecido - 58

Agosto 2013

Se não for isto, é algo muito parecido - 57

"Vê que na Mafia Lusitana
Nunca se ouvem queixumes
Embarca na caravana
Mostra os teus brandos costumes.
Ou fardado ou à paisana
Com bom ar ou ar sinistro
Vês lá muito safardana
E um até já foi ministro."

Luís Cília, in "A Máfia Lusitana", 

do LP Contradições (1983)

Pequenos sim, mas fundamentais...

Se não for isto, é algo muito parecido - 56

Silly season: take 2

Uiii, este gajo é bom. Muito bom mesmo e, pelos vistos, domina como poucos a arte de "fazer dinheiro a machete. Senão vejamos: 

- em 2006, Rui Machete comprou "vinte e cinco mil e quinhentas ações da Sociedade Lusa de Negócios a um euro e vendeu-as depois ao BPN a dois euros e meio, obtendo um lucro de 150 por cento numa operação".  

- por alturas de 2008, Machete dirigia a Fundação Luso-Americana (FLAD) como "prémio de consolação depois de ter perdido o lugar de ministro numa mudança de Governo em 1985", Através dos telegramas do embaixador norte-americano, divulgados pela WikiLeaks, sabe-se agora que Machete "tem ligações aos dois maiores partidos portugueses e é suspeito de atribuir bolsas como forma de pagamento de favores políticos"...

- agora em 2013, ao que parece conduzido pela mão do amigo Cavaco. Silva, entrou para a pasta dos "negócios estrangeiros".... Com um currículo destes, percebe-se que estava mais do que na hora de expandir os "negócios do estado" para lá das fronteiras. De facto, a season pode ser silly, mas este de parvo não tem nada. Muito pelo contrário, nós é que temos andado a ser comidos por parvos.

Ler/ouvir aqui

Ler notícia aqui

Silly season: take 1

Pornografia vs Vida Real

Continuando a explicar e por exclusão de partes:

- no mundo da pornografia, os portugueses, depois de andarem a ser f.... durante anos pela alternância PS/PSD mudariam claramente as suas intenções de voto, até porque, ser f... sempre da mesma maneira e pelos mesmos, é um tanto ou quanto monótono.

- na vida real, a intenção de voto dos portugueses (depois de andarem a ser f... durante anos pela alternância PS/PSD, recorde-se) é, nem mais nem menos do que esta... Somos ou não um povo de brandos costumes?

Ler aqui

Se o governo sabe disto...

Depois da acesa campanha de promoção da emigração qualificada, levada a cabo - de forma consciente e intencional por vários membros do nosso magnífico (des)governo (ver aqui) -, esta notícia deixa-me algo preocupada.

Isto é que era: emigração sim, mas sem regresso!!! 

Fantástico. Governar assim seria mesmo um sonho tornado realidade, não é verdade senhor ministro adjunto e do desenvolvimento regional? (ver aqui)

Ler notícia aqui

Se não for isto, é algo muito parecido - 55

looking at the big picture

à força de tanto trilhar os caminhos da sede, 

da terra queimada e das águas paradas, 

aprendi que

no panorama mais vasto de todas as coisas

o que mais importa não é saber esperar,

nem fazer acontecer,

mas abandonar-se ao tempo que fizer

Se não for isto, é algo muito parecido - 54

Star

Mudar?

ou talvez apenas sonhar...

Ver outras histórias de quem largou tudo para viver do que gosta aqui.

Cantar ao sol

Ruas de papel e de ilusão

Redondo: 7/8/2013

Acende-se a dura luz da tarde em tons de festa

sob o dossel ondulante que forra as ruas de papel,

todo feito só de paciência resignada

e de vontade de criar com as próprias mãos

a férica ilusão de uma alegria genuína.

Por instantes, 

até parecem ser de esperança os sorrisos gastos

dos velhos entediados que se instalam nos poiais

ou de interesse o olhar dos que espreitam pelo postigo das casas

o desalinhado desfile dos transeuntes embasbacados

Mas só por instantes.

De passagem, a paisagem...

ou (quase) um ano na N4 - ETZ-Elvas.

Parece que, em televisão, não há mesmo limites para a indigência mental...

E o pior é que as audiências não mentem: há mesmo muito boa gente que não perde pitada destas aberrações...

Ler notícia aqui

Ver aqui

 Este não deve tardar aí...

Ler notícia aqui

Claridade

fotograma

na tarde imóvel,
enrubescida,
a resina das estevas
cicia de sede, cio e langor
enquanto o vento parece tomado
de súbito torpor

e por sobre tudo isto 
uma campânula azul
tão intensa quanto opressiva
aprisionando a luz que dói na cal das paredes

De passagem, a paisagem - XX

Hora da calma.

N4 - Elvas: 4/8/2013

Honey Bee

Mergulhar

O navio-fantasma

Setúbal; 1/8/2013