terça-feira, 27 de agosto de 2013

é o teu corpo uma estrada

Michelangelo: David (pormenor); 1504

























é o teu corpo uma estrada
sem marcação, sinuosa,
às vezes sombria, 
mas outras,
tão luminosa

é o teu corpo uma estrada
asfaltada a pele que descubro
palmo a palmo:
a curva adormecida da tua perna,
que antecede a subida em recta
das tuas coxas e, 
na exacta confluência delas,
a ligeira depressão do teu colo,
onde me adentro e onde,
por vezes, me estranho...

é o teu corpo uma estrada
de alforria para o centro de mim,
um espaço-tempo entre antes e depois,
sem inversão de marcha

sim,
aqui, agora,
é o teu corpo a minha estrada
para o sul

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