... se fosse hoje, Miguel de Unamuno não escreveria um opúsculo intitulado "Portugal povo de suicidas". Ou melhor, talvez até escrevesse, mas chamar-lhe-ia certamente "Portugal povo de beneméritos". É que a lista engrossa a cada dia que passa. Senão vejamos:
Pedro Xavier Pereira: "benemérito" da Megafinance que 'ajudou' e muito umas largas dezenas de empresários em dificuldades, ao que tudo indica a falirem de forma ainda mais célere. Foi da maneira que o sofrimento se acabou mais cedo do que o previsto! (ver aqui);
José Oliveira e Costa: "benemérito" do BPN (ver aqui) que conseguiu, com apoio de alguns amigos, 'ajudar' um banco privado a falir de forma tão estrondosa que, agora, nós todos é que temos de pagar as consequências;
Manuel Dias Loureiro: "benemérito" do BPN, da Sociedade Lusa de Negócios, de mais umas quantas empresas de "sucesso", que lhe renderam milhões - e que, agora, vá-se lá perceber porquê, estão todas insolventes -, conselheiro de estado, lançador de palpites e bitaites a políticos altamente bem posicionados que o escutavam (quem sabe até se não escutam ainda?), de facto e tudólogo em vários canais de tv e estações de rádio(ver aqui);
Domingos Duarte Lima: advogado "benemérito" que, de uma assentada, resolveu o intrincado e complicadíssimo caso dos milhões da herança Feteira (ver aqui) e que era tão bom, mas tão bom que ainda conseguiu envolver-se no caso BPN, ajudando os dois "beneméritos" anteriores a volatilizar mais uns quantos milhões (ver aqui) e ainda teve tempo para ajudar a polícia a apanhar uma rede internacional de branqueamento de capitais (ver aqui) Ah! e ainda tocava piano ao serão... Uff! que energia...
Os dez médicos e farmacêuticos, todos "beneméritos", que, através de um esquema de receitas falsas, ajudavam o estado a aumentar o volume das suas exportações de medicamentos e movimentavam milhões de euros quase sempre numa só direção: as suas contas bancárias (ver aqui);
Começa agora também a descobrir-se que o "benemérito" das toneladas cadeiras de rodas e andarilhos suecos pagos a peso de ouro pelas câmaras municipais e ipss, Carlos Quaresma, fundador que, pelos vistos, não fundou a Fundação Agape, também é uma personagem bem interessante e com muito ainda para "dar" ao país (ver aqui);
etc., etc., etc....
Como dizia Unamuno no opúsculo já mencionado, "Portugal é um povo de suicidas, talvez um povo suicida. A vida não tem para ele sentido transcendente." Pois pudera, com tanto "benemérito" que temos por cá a praticar o "bem" e nós, mesmo assim, a viver pior a cada dia que passa, realmente só dá mesmo é vontade de "não viver". Pelo menos, de não viver cá...
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