"Não o devia ter feito, Porquê, perguntou ele, desconcertado, Porque a partir de hoje não poderei não receber rosas todos os dias, Nunca lhe faltarei com elas, Não me refiro a rosas rosas, Então, Ninguém deveria poder dar menos do que deu alguma vez, não se dão rosas hoje para dar um deserto amanhã, Não haverá deserto, É só uma promessa, não o sabemos, É verdade, não o sabemos, eu também não sabia que lhe mandaria duas rosas, e você, Maria Sara, por seu lado, não sabe que duas rosas iguais a essas estão aqui, num solitário, sobre uma mesa onde há umas folhas escritas com a história de um cerco que nunca aconteceu, ao lado duma janela que dá para uma cidade que não existe tal qual a vejo,..."
José Saramago, História do Cerco de Lisboa, Lx: Ed. Caminho,1989
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