Évora: Rua do Muro; 6/7/2012 |
Esta é a casa do sol. Nela se abriga a luz intensa e quente
da tarde. Nas suas paredes ecoam ainda passos ligeiros,
apressados, certas vozes da infância distante, breves farrapos de riso, algumas palavras soltas, sempre as mesmas, por vezes um choro soluçado de criança ou o entra-e-sai
do vento por todos os lados... Também o reflexo das nítidas paredes brancas ainda fere os olhos,
mas já só as lembranças – mais ténues a cada verão que passa - moram aqui.
Na verdade, a
casa está vazia de gente há tanto tempo que começa a parecer estranho que algum
dia tenha sido habitada por outra coisa mais além desta luz quente de verão. Talvez
seja por isso que, ao fim do dia, quando a luz no seu interior é tão intensa que parece transbordar das janelas e portas escancaradas para a rua, quem por ali passa não se aperceba de que, às vezes, é dentro
das paredes mais caiadas e luminosas que habita, afinal, a mais profunda e
sombria das desolações.
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