quarta-feira, 11 de julho de 2012

A garrafa




























Que importa o caminho
da garrafa que atirei ao mar?
Que importa o gesto que a colheu?
Que importa a mão que a tocou
- se foi a criança
ou o ladrão
ou o filósofo
quem libertou a sua mensagem
e a leu para si ou para os outros?
Que se destrua contra os recifes
ou role no areal infindável
ou volte às minhas mãos
na mesma praia erma donde a lancei
ou jamais seja vista por olhos humanos
que importa?

... se só de atirá-la às ondas vagabundas
libertei meu destino
da sua prisão?...

Manuel Ferreira, in Crioulo e outros poemas,
Lx: Ed. Autor, 1964

Sem comentários: