quarta-feira, 9 de março de 2011

Contrastes

De repente, no alto da colina, aparece à nossa frente um corredor delimitado por graníticos marcos miliários que assinalam um tempo distante. É como uma nesga de eternidade que se abre na paisagem e por onde é possível caminhar em direcção ao vale à nossa frente como se nos dirigíssemos ao centro de um pequeno universo há muito extinto.

Cromeleque dos Almendres, 9/3/2011

E subitamente, junto a um velho tronco, há qualquer coisa que me força a olhar para o chão de uma forma quase instintiva. A um triz de ser pisado, quase confundido com a vegetação rasteira, está um pequeno ouriço que procura disfarçar a sua vulnerabilidade debaixo do manto espinhoso e passar despercebido às minhas botas descuidadas. Ninguém melhor do que ele sabe que a eternidade de tudo quanto vive - tal como a das pedras e dos homens que as transformam em símbolos - não passa de uma poética ilusão.

Valverde, 9/3/2011

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