Se dúvidas houvesse, as várias declarações que os nossos excelsos governantes, e restantes líderes políticos à espera de uma oportunidade para se tornarem governo, fizeram durante a semana passada dissipá-las-iam. Num dia o nº 2 do PS afirmou que “A comunicação do ministro das Finanças da passada sexta-feira ficará certamente para a história como a mais desastrada e desastrosa que alguma vez foi feita em Portugal, se não mesmo no hemisfério Norte, de todos os pontos de vista" (In Quadratura do Círculo). Poucos dias depois fez questão de declarar que, afinal, não era bem assim, pois tudo não tinha passado de um equívoco entretanto esclarecido. Da mesma forma que o próprio primeiro-ministro, nas barbas do ministro das finanças, sentado impavidamente ao seu lado na bancada, anunciou no Parlamento que as medidas a tormar eram outras e não as que ele havia previamente anunciado para o PEC IV e declarou depois à saída que "O senhor ministro das Finanças não só tem toda a minha confiança, como tem o meu apoio e solidariedade". Pois, pudera!
Agora, Sócrates veio declarar que não governará o país em coligação com o FMI. Mas isso é hoje. Amanhã, dependendo dos mercados, da senhora Merkel, das sondagens, da opinião dos comentadores televisivos, do vento ou da chuva, já dirá outra coisa qualquer. Sobretudo, dirá o que for necessário para não perder o poder (de dizer hoje uma coisa e amanhã o seu contrário, entenda-se).
Nós é que já só temos uma certeza: somos governados por "homens de palavras", coisa bem diversa de "homens de palavra". Estes, os "de palavra", parece que se extinguiram da política nacional. Os outros, pelo contrário, pululam em todos os degraus da hierarquia: é que falar é fácil e prometer também, sobretudo quando não está em causa ter que cumprir o que se diz e o que se promete.
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