Enamorou-se de modo fulgurante pelo poeta, mas foi com o homem que, afinal, conviveu todos os dias.
Furtivo, o desencanto foi-se instalando até nos mais recônditos recantos da sua alma. Calou muitas vezes as palavras amargas, na falsa ilusão de que assim conseguiria preservar intacta alguma daquela exultação inicial que lhe abrasara tão fundamente o coração.
Um dia percebeu que já não tinha forças para continuar a aguentar calada o desmoronar do único sonho a que se tinha permitido na vida.
Saiu pela manhã, como sempre. Porém, naquele dia, enquanto avançava pelo sinuoso caminho de terra batida, e ao contrário do habitual, não olhou para trás através do espelho retrovisor. Também não mais voltou a cruzar a soleira daquela porta que ela própria, ao sair, tinha fechado.
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