quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Serei tudo o que disserem:

 (ou a falta que Ary dos Santos faz à poesia: para apedrejar)

Poeta castrado Não!
(...)
Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é seu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma coragem

uma alegria serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

(...)
Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

José Carlos Ary dos Santos, "Poeta Castrado, Não!" (excerto)


 

Sem comentários: