quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
O claro sinal de ser esperada
O tempo em que ao anoitecer tu acendias
sempre a lâmpada por cima da porta,
era também o tempo em que eu,
vindo pela estrada, avistava de longe
a pequena luz na escuridão e nela lia
o claro sinal de ser esperada.
E entrava em casa como se me acolhesse
no teu abraço.
Fazias sempre a mesma pergunta:
de onde vem a senhora?
E eu dava sempre a mesma
evasiva ou irónica resposta
que tu nem sequer ouvias,
pois em nada importava o lugar de onde vinha.
A única coisa realmente importante era
aquele instante de entrar em casa
como se me acolhesse no teu abraço.
E mesmo depois, quando vindo pela estrada
havia uma escuridão quase total,
continuei a encontrar o caminho de volta a casa,
pois esse luminoso sinal de ser aguardada
ainda brilhava dentro de mim.
Perdi o rumo apenas quando percebi que,
à entrada, já só a memória dos teus braços me acolhia.
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2 comentários:
Viva
como texto literário, de entre muitos, gosto do teu "ESTRADA DE ELVAS"
pena esse não ser ficção
beijinho - continuação de produção de bons trabalhos
Platero, a vida é escrita e ficção. O resto, quem sabe o que é, ou o que foi?
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