"Nós e os outros. É assim que se definem todas as identidades, desde o início dos tempos. (...) Agora tomou novas formas e reforçou-se no ciberespaço.
Pela internet, através das redes sociais e das suas capacidades para tornar mais fácil encontrar quem é igual a nós, quem connosco partilha valores e ideias, mesmo que esteja a milhares de quilómetros de distância. Assim, ligados através de relações virtuais, podemos esquecer aqueles com quem não nos entendemos. Ou não precisamos de fazer qualquer esforço para nos entendermos."
Pela internet, através das redes sociais e das suas capacidades para tornar mais fácil encontrar quem é igual a nós, quem connosco partilha valores e ideias, mesmo que esteja a milhares de quilómetros de distância. Assim, ligados através de relações virtuais, podemos esquecer aqueles com quem não nos entendemos. Ou não precisamos de fazer qualquer esforço para nos entendermos."
É também aquilo a que Nicholas Negroponte chamou o Daily Me em Being Digital (Newsday, 1996): "Em vez de Daily News, as notícias que nos chegam pelos meios de comunicação de massas e têm de agradar ou interessar a vários tipos de pessoas, um Daily Me seria feito apenas com informação que nos interessa. Isto acontecerá quando toda a informação nos chegar através daquilo a que já se chama a internet 2.0, todas as coisas que nos aparecerão perante os olhos serão as que nós já previamente estamos dispostos a ler, através de motores de busca e robôs de procura que conhecem as nossas opções prévias - ou seja, sem surpresa, sem contacto com o diferente, sem estranheza."
"O advento dos blogues teve o mesmo efeito nas nossas vidas. Permitiram que seleccionássemos a opinião que nos interessa ler, agrupada em sites onde as semelhanças eram sempre maiores do que as diferenças. E se quiséssemos simplesmente ficar no nosso confortável casulo ideológico bastava que não procurássemos os blogues com os quais não concordávamos.
Este é um cenário perigosíssimo que retira da humanidade tudo o que lhe trouxe o advento da modernidade e do renascimento - o modelo encicloédico em que o homem é tanto maior quanto mais conhecimentos tocar. Que retira o prazer da surpresa, de encontrar algo novo, de ser confrontado e de, nesse choque, evoluir. Nestes fechamentos sucessivos não poderemos sequer surpreender-nos com eventos como os que aconteceram em Londres - em que uns não reconhecem simplesmente a lei, a ordem, a economia e a civilidade dos outros."
Catarina Carvalho, In Notícias Magazine, 1004, 21/8/2011(texto com supressões)
Sem comentários:
Enviar um comentário