quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Canção grata

Diego Rivera: Vendedora de Alcatraces, 1938, óleo s/ tela
















Por tudo o que me deste:
- Inquietação, cuidado,
(Um pouco de ternura? É certo, mas tão pouco!)
Noites de insónia, pelas ruas, como um louco...
- Obrigado, obrigado!

Por aquela tão doce e tão breve ilusão.
(Embora nunca mais, depois que a vi desfeita,
Eu volte a ser quem fui), sem ironia: aceita
A minha gratidão!

Que bem me faz, agora, o mal que me fizeste!
- Mais forte, mais sereno, e livre, e descuidado...
Sem ironia, amor: - Obrigado
Por tudo o que me deste!

Carlos Queiroz, In Obra Poética,
Vol. I, Lx: Ed. Ática, 1984

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