Manhã de bruma e chuva contínua sobre a tela impressionista de uma paisagem luxuriante...
Descemos pela encosta íngreme numa espécie de procissão silenciosa que segue junto aos vetustos muros de pedra...
atentos ao canto alegre das águas que correm velozes no riacho, com os olhos enfeitiçados pelas cores e o olfato inebriado pelo cheiro telúrico e forte que emana da terra encharcada.
De vez em quando paramos para ouvir/ver os segredos escondidos sob o manto de folhas ou na casca das árvores. Depois seguimos pelo labirinto errante dos velhos caminhos de terra, ladeados por pinheiros e castanheiros, sempre sob o olhar atento das cerejeiras desgrenhadas.
Começamos então a fazer uma outra e diferente leitura do espaço que se abre como um livro à medida que avançamos pela encosta: nos troncos, entre as rochas e no próprio chão, ora coberto de erva viçosa e tenra, ora por um espesso manto vegetal em serena decomposição, surgem as mais variadas e até bizarras formas, cores, aromas e texturas.
No fim da caminhada os cestos quase transbordavam e havia nos rostos a alegria mansa de quem acabou de descobrir um novo território cujos segredos tinham sido aflorados apenas ao de leve. E é extraordinário ver como a natureza, apesar de tão devassada, mais do que pródiga, consegue ainda ser generosa.
Alcaide, 19/11/2011 |
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