Hay-on-Wye, País de Gales / Redu, região de Ardenas, Bélgica |
São duas aldeias antigas e despovoadas que conseguiram encontrar um caminho para vencer a "crise". Curiosamente, a aposta foi na "cultura", como forma de melhorar a economia, e não ao contrário, como é mais habitual. E foi uma aposta ganhadora.
Tudo começou em Hay-on-Wye no dia 1 de Abril de 1977 quando o bibliófilo Richard Booth a proclamou em alto e bom som a "independência" deste "reino dos livros" e a si próprio como monarca. Golpe publicitário ousado que trouxe à sua livraria muitos visitantes e compradores. E muitas outras livrarias também (quase 30 atualmente). Todas especializadas em livros usados.
O projeto ficou definitivamente consolidado com a criação, em 1988, do Hay Festival of Literature & Arts, ideia brilhante e original de Norman e Peter Florence, que nunca mais parou de crescer em reconhecimento e em importância, ao ponto de já ter sido descrito como o "Woodstock da mente" por Bill Clinton.
Hay-on-Wye é hoje um autêntico centro cultural que recebe anualmente centenas de milhares de visitantes e clientes, a quem oferece as mais variadas atividades culturais, ao longo de todo o ano (consultar aqui a agenda).
Foi na sequência de uma visita a este sítio extraordinário que o jornalista belga Noel Anselot teve, em 1979, a ideia de transformar Redu, uma aldeia rural das Ardenas, na "aldeia do livro" no lado de cá do Canal da Mancha. Uma campanha bem pensada ajudou a conquistar livreiros e alfarrabistas de todo o país que, com o sucesso crescente do projeto, acabam por se instalar definitivamente na povoação. Alguns anos depois, em 1984, a aldeia tinha renascido das cinzas, e estava transformada num autêntico paraíso para os alfarrabistas e leitores, com uma média anual de visitantes superior a 200 mil.
Mais do que investir na simples recuperação de meia dúzia de casas e/ou edifícios, tinha-se reinventado o sítio. Como? Através da mobilização inteligente e da motivação das pessoas. Sobretudo, através da persistência e da força de vontade.
E por cá? O que não faltam por aí lugares são belos adormecidos e/ou entorpecidos pela solidão e pelo abandono, se calhar à espera mais de ideias do que de investimentos até porque, dinheiro para veleidades, como se sabe, já não há...
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