quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Procurar agulhas

Camilo Castelo-Branco conclui "Agulha em Palheiro" (Lx: Livraria Edª, 1928) desta forma:

"Há um anexim que diz: Procurar agulha em palheiro. É baldado empenho? Pois eu assevero que, uma vez, procurei uma, e achei-a!
E, desde então, com a minha infinita paciência, acho tudo que quero, n'este palheiro da humanidade, mormente quando os indivíduos, que procuro, têm devorado a palha, e se me apresentam a nu, - coisa que me tem acontecido mais mais vezes do que mereço a Deus."

Terminada a leitura, estava aqui a pensar como estas palavras de Camilo estavam, e estão, certas. De facto, nos "palheiros da humanidade" não é difícil encontrar "agulhas". O problema é que, vistas a "nu", elas se revelam quase sempre minadas de ferrugem por fora e, sobretudo, por dentro (o que ainda é pior). Imprestáveis, portanto. Talvez esta fosse uma boa altura para começar a procurar noutros sítios.

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