René Magritte: Os Amantes, 1928 |
não faltaram
quilómetros de asfalto,
nem a
travessia do deserto tornada rotina,
os olhos
secos, doridos
e sempre à chegada a
estranha sensação
de não estar
no lugar certo
faltou dizeres o meu nome
como se o soubesses
não faltou a mesa, o riso,
a cama, o cio,
o corpo e as suas urgências,
olhos nos olhos, o fogo fátuo da cumplicidade
extinto logo
ali, no último soluço do prazer
faltou dizeres o
meu nome
como se me
conhecesses
ditas e
escritas, ocas quase todas,
entre reticências e
grandes silêncios
carregados de
signos indecifráveis
tudo só para
dizer que a conjugalidade, afinal,
mesmo quando
não passa de tosco arremedo,
é bem triste
comédia
faltou dizeres o meu nome
como se me
procurasses
e também não
faltaram coincidências,
afinidades,
uns quantos tropeções, outros tantos (des)encontros,
alguns (re)começos
e todas as variações possíveis do ocaso
faltou dizeres o meu nome
como se me
chamasses
e faltou que
eu, depois,
respondesse
ao teu chamamento
2 comentários:
antológico
LINDO
Grata pelo elogio. São apenas palavras, nada mais.
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