Amigo, vem deitar-te comigo à beira do precipício e,
quietos,
olhemos de frente a profundidade do abismo
até
o sabermos de cor.
Depois,
enlacemos as mãos e contemplemo-nos
no
mútuo espelho líquido dos olhos
numa
tácita aceitação do risco de estarmos aqui.
Outros
há que preferem caminhar apressados
sobre
brasas, esperando ficar ilesos. Mas nós
escolhemos
ficar assim, estendidos lado a lado,
sentindo
ainda a firmeza do chão sob o corpo,
ao
mesmo tempo que já as mãos do calafrio
nos
sobem, leves, pelas costas.
Neste
fio de navalha que nos
entrecorta
a respiração
nos
deixemos então fluir como se
acreditássemos que é possível amansar o vazio.
acreditássemos que é possível amansar o vazio.
Ou
talvez apenas esperemos que
ainda
não seja hoje o seu dia de fruir.
2 comentários:
muito bonito
gostei -BOM ano
BEIJINHO
Obrigada, Platero. Bom ano.
Enviar um comentário