A mentira tem hoje o seu dia oficial. Como se não nos bastassem já todas as mentiras que ouvimos/vemos diariamente nos (tele)jornais:
- Garantia-nos há poucos dias o ministro das Finanças que o orçamento retificativo não prevê necessidade de medidas adicionais de austeridade para cumprir as metas e diz que as alterações serão compensadas com outras variações, como a redução dos juros da dívida. A ver vamos.
- Também o primeiro-ministro declarava com grande ênfase em entrevista televisiva que "A partir do último trimestre a economia vai crescer", e mais acrescentou que "no próximo ano haverá uma ligeira retoma da economia". Como se não bastasse, disse ainda que "Os jovens deverão ser os primeiros a arranjar emprego após a retoma". Depois, certamente porque prudência e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, lá foi acrescentando que, até lá, "os jovens portugueses devem procurar as melhores oportunidades", seja em Portugal ou no estrangeiro. Pudera!
- Até os opinion makers de serviço ajudam à festa: por isso João César das Neves dizia há poucos dias, e com toda a convicção, que a estagnação da economia portuguesa no terceiro trimestre é um sinal positivo que afasta o "cenário dramático" de recessão que se andava a anunciar. É de pasmar, de facto!
- E porque, nestas coisas da mentira, também a senioridade faz a diferença para melhor, soubemos recentemente do susto que Cavaco Silva apanhou ao tomar conhecimento da taxa de desemprego de janeiro (14,8%, taxa ainda assim muito maquilhadinha com poc's, formação e cálculos arrevezados...). E tratou logo de pedir aos portugueses para trabalharem muito, bem e com qualidade, pois para criar emprego é preciso crescimento económico. Nós até trabalhávamos "muito, bem e com qualidade" sr. Presidente, se... houvesse emprego, claro, por isso é que a taxa de desemprego é de "assustar qualquer um", dahah! Percebeu, ou quer que explique melhor?
Muitos e bons exemplos se poderiam ainda acrescentar mas acho que nem vale a pena. O que para mim é surpreendente é a forma como nós, cidadãos, mandatamos com o nosso voto toda esta gente que nos (des)governa os dias, mesmo sabendo que nos estão descarada e deliberadamente a mentir e a enganar, só para conseguir votos.
Assim, não faria mais sentido arranjar um "dia da verdade", nem que fosse apenas para desenjoar? Provavelmente não. Estamos tão saturados da feia verdade diante dos nossos olhos que preferimos a mentira piedosa, ou então estamos tão anestesiados com as mentiras que já não somos capazes de reconhecer a verdade, nem que ela se sente à nossa frente. O mais provável é que ainda venha a ser feriado nacional. Seria até mais um motivo de contentamento para o povo e temos tão poucos atualmente. Celebremos, pois, o 1 de abril e a mentira sob todas as suas formas...
Assim, não faria mais sentido arranjar um "dia da verdade", nem que fosse apenas para desenjoar? Provavelmente não. Estamos tão saturados da feia verdade diante dos nossos olhos que preferimos a mentira piedosa, ou então estamos tão anestesiados com as mentiras que já não somos capazes de reconhecer a verdade, nem que ela se sente à nossa frente. O mais provável é que ainda venha a ser feriado nacional. Seria até mais um motivo de contentamento para o povo e temos tão poucos atualmente. Celebremos, pois, o 1 de abril e a mentira sob todas as suas formas...
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