Nicolas Poussin: "Et in Arcadia ego" (Trad: "Até na Arcádia existo", referindo-se à morte) ou "Os pastores da Arcádia", cerca de 1650 |
SUB
REPTÍCIO
merso
consciente
liminar
marginal
desenvolvido
dividido
alterno
serviente
vencionado
delegado
versivo
lunar
tegmine fagi*
Carlos Drummond de Andrade
in Poesia e Prosa
* Debaixo de uma frondosa faia - é uma referência directa à Primeira Bucólica de Virgílio, constituída pelo diálogo entre Melibeus e Títiro, dois pastores dos arredores de Mântua, terra natal do poeta, sendo que os dois primeiros versos estão entre os mais famosos e conhecidos versos de Virgílio. Nestes versos iniciais do poema Melibeus lamenta que as suas terras tenham sido confiscadas e sente inveja de Títiro, que tinha conseguido conservar as suas devido a um beneplácito do imperador. Assim, Melibeus diz a Títiro:
Tityre, tu patulae recubans sub tegmine fagi
Silvestrem tenui musam meditaris avena.
Nos patriae fines et dulcia linquimus arva,
Nos patriam fugimus. Tu, Tityre, lentus in umbra
Formosam resonare doces Amaryllida silvas.
(vv. 1-5) “Títiro, vejo-te assim deitado (recubans) sob a copa de uma frondosa faia, tocando, na flauta, um canção campestre. Eu fui expulso de minhas terras e tive que abandonar meus agradáveis campos, mas tu, Títiro, ocioso, à sombra, fazes ecoar, pelo arvoredo, o nome da tua formosa amada Amaryllis.”
As Bucólicas de Virgílio são, na verdade, desafios poéticos de carácter repentista entre pastores que assim ocupam o tempo enquanto apascentam o gado. Não só, mas também são elas a minha leitura por estes dias em que tenho também dedicado algum do meu tempo às "coisas da terra": de sacho na mão, a ouvir o canto alvoroçado de um melro que me espreita e segue a esvoaçar de ramo em ramo pela horta afora, enquanto contemplo as ameixeiras cobertas de belas flores rosadas, os delicados buquês formados pelas flores e folhas ainda tenras do marmeleiro, os primeiros figos que despontam já nos ramos da grande figueira, rego a hortelã ou a aspiro o aroma dos viçosos óregãos, longe de tudo e de todos. Tão longe de tudo e de todos como se estivesse, justamente, na bucólica Arcádia dos poetas-pastores e não nos caminhos da sulidão.
Tityre, tu patulae recubans sub tegmine fagi
Silvestrem tenui musam meditaris avena.
Nos patriae fines et dulcia linquimus arva,
Nos patriam fugimus. Tu, Tityre, lentus in umbra
Formosam resonare doces Amaryllida silvas.
(vv. 1-5) “Títiro, vejo-te assim deitado (recubans) sob a copa de uma frondosa faia, tocando, na flauta, um canção campestre. Eu fui expulso de minhas terras e tive que abandonar meus agradáveis campos, mas tu, Títiro, ocioso, à sombra, fazes ecoar, pelo arvoredo, o nome da tua formosa amada Amaryllis.”
As Bucólicas de Virgílio são, na verdade, desafios poéticos de carácter repentista entre pastores que assim ocupam o tempo enquanto apascentam o gado. Não só, mas também são elas a minha leitura por estes dias em que tenho também dedicado algum do meu tempo às "coisas da terra": de sacho na mão, a ouvir o canto alvoroçado de um melro que me espreita e segue a esvoaçar de ramo em ramo pela horta afora, enquanto contemplo as ameixeiras cobertas de belas flores rosadas, os delicados buquês formados pelas flores e folhas ainda tenras do marmeleiro, os primeiros figos que despontam já nos ramos da grande figueira, rego a hortelã ou a aspiro o aroma dos viçosos óregãos, longe de tudo e de todos. Tão longe de tudo e de todos como se estivesse, justamente, na bucólica Arcádia dos poetas-pastores e não nos caminhos da sulidão.
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