domingo, 8 de abril de 2012

(Re)lapso

Confesso que a questão da reposição "gradual" dos subsídios continua a causar-me brotoeja. E, embora bastante contrariada, tenho que reconhecer que, desta vez, até estou de acordo com as críticas da oposição (refiro-me aqui sobretudo ao PS).

É que, na tentativa de atalhar a polémica sobre o pagamento dos subsídios, o homem lá se viu forçado a reconhecer, de forma assaz relutante, que tinha havido um "lapso" da sua parte. E só pode mesmo tratar-se de um "lapso". Senão vejamos: o homem até sabe que "o ano de 2015 é o ano imediatamente consecutivo a 2014" e fez questão de o dizer "muito vagarosamente" para que toda a gente percebesse bem.  (O problema é que ele também tinha dito "muito vagarosamente" que a suspensão dos ditos subsídios era só até 2013, inclusive. Coisa que toda a gente também ouviu e entendeu muito bem.)

 Agora vem dizer que, afinal não é bem assim, pois o programa de ajuda externa só acaba em 2014 e, por isso, só em 2015 é que recomeçarão a ser pagos os subsídios de férias e de natal. O que ele lá bem no fundo quer dizer é que nós todos é que somos estúpidos e não percebemos nada de números! Deve ser por isso que ainda ninguém tinha compreendido as habilidosas contas do "vagaroso" Gaspar: os próximos dois anos têm afinal 36 meses, em vez dos habituais 24...

Confesso que estas contas do Gaspar me assustam ainda mais quando penso que o homem pode, um dia destes, ter mais um "lapso" e vir dizer que, embora os próximos dois anos tenham forçosamente 36 meses, em vez dos habituais 24, só receberemos 24 meses de salário...  Afinal, de um homem que é tão bom economista qué até manipula o calendário a seu bel-prazer, podemos esperar tudo. Mesmo tudo. 

O que não esperávamos mesmo era que o ministro da Finanças de um país a afundar-se na crise e na depressão tivesse "lapsos" assim, sobretudo quando até fez questão de demonstrar no parlamento que sabia bem que 2015 era o ano "consecutivo a 2014"...

Claro que também deve ter sido por "lapso" que se esqueceu de nos informar a todos, no dia em que o conselho de ministros tomou a decisão, que as reformas antecipadas iriam ser canceladas por dois anos. Dois anos?! Ó senhor ministro, explique lá então muito "vagarosamente" até quando vão durar agora estes dois anos a ver se a gente percebe... É que isto já são tantos lapsos seguidos que o senhor ministro já me parece relapso...

Observ. - ler notícia aqui

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