No México, e em outros países da América Central, o dia dos Fiéis Defuntos é de alegria e de festa - classificado até pela Unesco como Património da Humanidade -, dedicado a celebrar exuberantemente a vida, enquanto a há, e a afugentar o medo da morte.
Por cá não é bem assim. Por razões de conveniência prática, começa por ser assinalado (e não festejado) antecipadamente, a 1 de Novembro. É por isso que, um pouco à semelhança do deserto depois da chuva, hoje, os cemitérios povoam-se de gente e enchem-se de flores efémeras. Embora estes tapetes coloridos e vistosos se estendam a perder de vista, o ambiente é pesado, passam rostos fechados que falam baixinho, aqui e ali ouvem-se breves soluços. Não são os finados, esses, ao que tudo indica, descansam indiferentes. São os que se finam um pouco mais a cada dia que passa que assim andam, nesta azáfama matutina.
Desde manhã bem cedo que um certo verso não me sai do pensamento: “...que a morte seja uma aventura que um dia há-de chegar”. Integra um poema intitulado “Um mundo melhor” e foi escrito pela Daniela, de doze anos.
Que assim possa ser, um dia...
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