Nos locais habituais do meu dia-a-dia, cruzo-me quase sempre com as mesmas pessoas: colegas, vizinhos, conhecidos ou apenas (re)conhecidos... Verifico diariamente, sem grande surpresa, que os temas de conversa também não variam muito. A chamada coscuvilhice é um dos mais frequentes. Aliás, está em todo o lado, por isso, não admira que esteja muito presente nas conversas.
São dezenas as revistas que, todas as semanas, nos mantêm informados, com abundância de detalhes e provas fotográficas, sobre a vida dos ditos “famosos” da nossa sociedade. Os próprios talk-shows televisivos ocupam grande parte do seu tempo e do dia dos espectadores com o tema, discutido ao pormenor por painéis de especialistas na grande arte (ou será já ciência?) de esmiuçar a vida alheia: quem anda com quem, quem se juntou com quem, quem se divorciou de quem, quem estava a falar com quem, quem se reconciliou com quem, quem foi apanhado na cama com quem, etc, etc. Também nas chamadas redes sociais da net – Facebook e Twitter – as “novidades” circulam fresquinhas e quase ao segundo e o people anda frenético e feliz com tudo isto. Mesmo jornais de âmbito nacional, com algum peso e crédito, como é o caso do Público, não escapam a esta onda e lá está a página diária de pequenas notícias sobre os famosos do mundo. Com esta lavagem cerebral tão intensa, não é de admirar que seja um tema habitual de conversa. Penso é que doses maciças deste elevado assunto só podem conduzir à idiotice total.
Não quer dizer que eu própria esteja imune. De vez em quando, também caio em tentação e procuro saber onde andam e o que fazem o Javier Bardem, o Antonio Banderas ou o Benicio del Toro, por exemplo. Afinal, são colírio para olhos secos e cansados, convém ir verificando se o medicamento ainda está dentro da validade. Mas, de uma forma geral, a vida alheia (seja a dos famosos, seja a dos outros) é assunto que cada vez me interessa menos e irrita mais.
Se fosse na América já alguém teria inventado uma “teoria da conspiração” sobre este fenómeno. Assim género série do AXN: agentes secretos decobriram que está em marcha uma campanha de intoxicação dos espíritos ou, se calhar, apenas de entorpecimento. Entretanto, enquanto estamos todos entretidos com a cusquice mais recente, a personagem sinistra e misteriosa por trás de tudo isto anda a tramar coisas estranhas. Quando passar a hipnose geral e as consequências nos cairem em cima é que vai ser o bonito...
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