quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ao que nós chegámos!

Compreendo perfeitamente quando os artistas se indignam porque, no decorrer dos seus espectáculos, há telemóveis que tocam, há gente que recebe e envia sms, há até gente que atende o telemóvel de forma pouco discreta e se está nas tintas para os outros. Há no Youtube inúmeros registos dessa situação absurda que mais não é do que uma total falta de respeito pelos artistas que estão a actuar e pelos espectadores que pagaram bilhete e têm direito a fruir o espectáculo sem tais interrupções e ruídos parasitas. Lukas Kmit ou Fiona Pears são disso exemplo. Nem a própria Orquestra Filarmónica de Nova Iorque escapou! Alguns conseguiram mesmo ter a presença de espírito necessária para tentar fazer humor com a situação. Pois, que remédio!





Por cá, ganhámos agora a variante que faltava neste tipo de situações: ser o próprio artista a interromper a sua actuação para atender o telemóvel!? Sim, é verdade. Aconteceu na passada sexta-feira, no Centro Cultural de Paredes de Coura, com um veterano da música portuguesa. Paulo de Carvalho interrompeu a música que estava a cantar para atender o telemóvel em pleno palco! Tentou justificar depois o estranho gesto dizendo que a chamada era de... Eusébio. Aliás, ainda mais extraordinário: quem decidiu levar-lhe o telemóvel ao palco achou que isso não só era possível, como até fazia todo o sentido!

Claro que os espectadores manifestaram o seu desagrado, mas ao que sei ninguém exigiu a devolução do dinheiro pago pelos bilhetes. Tudo não passou de uma indignaçãozinha momentânea. Afinal, quantos deles não teriam já atendido o telemóvel ou enviado sms aos amigos durante o espectáculo?

Certo é que se abriu um precedente grave e, a partir de agora, quando adquirirmos um bilhete para um espectáculo ou uma peça de teatro, já sabemos que, a qualquer momento, pode haver no palco alguém que tenha de atender o telemóvel a um qualquer eusébio desta vida. Quanto ao público, chamado à atenção, pode agora alegar, e com razão, que se os artistas podem, porque é que eles não hão-de poder também?

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