sábado, 11 de fevereiro de 2012

A farsa da política que já nem sequer disfarça


O muito comentado episódio da conversa supostamente privada entre Vítor Gaspar e Wolfgang Schauble, captada pelos microfones dos jornalistas vem demonstrar várias coisas:


1ª) a farsa da política: tanta cimeira “ao mais alto nível”, dizem-nos, horas e horas de ponderadas e “duras negociações”, asseguram-nos, milhões gastos em viagens, segurança, logística, etc. para, afinal, as verdadeiras decisões serem tomadas assim, em conversas informais, supostamente em off, e à margem das ditas cimeiras. Até prova em contrário, se o intuito da ida do professor Gaspar à cimeira era dizer e ouvir dizer aquilo, então um simples telefonema ou uma conversa via Skype teria bastado, não?

2ª) a farsa alemã: tanta autoridade em matéria de economia e finanças, tanto raspanete aos países incumpridores (os do sul, claro!), tanta sentença para, afinal, se ficar a perceber que o todo-poderoso ministro Wolfgang Schauble não passa mas é de um paternalista convencido da sua bondade e, o que ainda é pior, de um queixinhas.

3ª) a farsa da informação: ena!, duas “conversas informais” apanhadas, por acaso, na mesma cimeira e, claro, logo divulgadas sem demora para o público, por causa da sua relevância apesar de... E claro, está-se mesmo a ver que, logo por acaso, foram “apanhadas”, justamente, as conversas de dois dos países que estão no fio da navalha dos mercados financeiros: Portugal e Espanha. E os mercados, aliás, não tardaram a reagir positivamente, apesar de … serem apenas conversas informais... E, como é óbvio, para demonstrar que esta forma de fazer informação – e política – é algo de credível logo foram acrescentados outros episódios igualmente edificantes, em que os ministros/políticos nacionais foram “apanhados” em conversas de bastidores.

Seja como for, vai tudo no mesmo sentido: São estes os homens que tomam as decisões que afetam a vida de milhões de pessoas? E é nas mãos destes homens que está o futuro do país e da própria Europa? Chiça!?

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