Maria Helena Vieira da Silva: Les grandes constructions; 1956; óleo s/ tela |
A pele por fulgurantes
instantes muitas vezes abre-se até onde
seria impossível que exercesse
com tão grande rigor o seu domínio.
Não temos então dela senão rápidas
visões, onde os reclames
do coração se cruzam, solitários
e agrestes, reflectidos
por trás nos ossos empedrados.
Em certas posições vêem-se as cordas
do nosso espírito esticadas num terraço.
A roupa dói-nos porque, embora
nos cubra a pele, é dentro
do espírito que estão os tecidos amarrados.
Luís Miguel Nava, In Poesia Completa 1979-1994;
Lx: Publ. D. Quixote, 2002
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